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sexta-feira, maio 03, 2019

A CATANA E O HOMEM DO CAMPO


Na cidade tornou-se raro ver um homem, mesmo idoso, sem o seu celular. Até a bíblia, inseparável dos homens de idade nos dias de culto e missa,  vai ficando para trás pois o pequeno e inteligente aparelho consegue incorporar o velho telefone de discagem, o rádio receptor, o leitor de música,  a bíblia, o hinário e a harpa, a máquina calculadora, o medidor de passos e da tensão ou ainda a bússola, o termómetro, a balança e o relógio. A máquina de escrever e as de fazer fotos e filmes também estão dentro do celular. E é isso que confere alegria ao homem da cidade que fica doente se, por distração alguma, se vir distante do seu brinquedo facilitador em quase tudo.

No campo é outra coisa. Os capinzais altos nos atalhos, as árvores derrubadas pelo vento e pela chuva, as cobras procurando sol nos descampados por onde o homem passa, as feras que procuram no homem o seu mata-fome,  o cultivo, a poda, a colheita, a auto-defesa e outras valias para a vida campestre remetem à catana a importância transcendental e inquestionável do dia-a-dia.

No campo, um homem sem catana não é Homem. É amador, desprevenido e vulnerável. Todo o perigo é com ele e de tudo quase se pavoneia.

Em mãos de homens do campo, encontramos catanas de diferentes figurinos: com extremidade dianteira curva (semelhante à usada no 4 de fevereiro/61 e por isso assim designada), a rectilíneas, umas mais largas do que outras diminuídas pelo afiar permanente da lima ou pedra, sendo transportadas na mão firme ou à cintura.

A catana para o homem campestre é como a tradicional caneta e bloco de notas no bolso do colete de um bom jornalista que, mesmo usando gravador de som, nunca põe de parte a memória cerebral (ouvir, interpretar e reter) e o seu bloco de notas, coisas que pouco se vão ensinando ou que a nova geração despreza, correndo, com isso, riscos desnecessários.


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