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segunda-feira, março 03, 2025

MASSANGANO CHAMA-TE!

Uma das razões dos fins-de-semana prolongados ou pontes, quando o dia de feriado calha quinta ou terça-feira, é fomentar o turismo interno. O feriado alusivo a 14 de Setembro, Dia do Herói Nacional, calhou numa terça-feira e, por isso, as famílias tiveram os dias de sábado, domingo, segunda e terça-feira para descansar e desfrutar.

Para quem trafega no sentido Luanda-Dondo, EN 230, a antiga vila de Massangano fica no lado direito, faltando 25 quilómetros para se chegar à velha cidade do Dongo. Do desvio (ainda em terra batida, todavia já devidamente terraplenada) são apenas 25 quilómetros até se chegar à margem do majestoso Rio Kwanza que se espreguiça na sua calma viagem ao Atlântico. Aqui, numa elevação atalaia, chegou Paulo Dias de Novais, no séc. XVI, estabelecendo a primeira Câmara Municipal do Primeiro Governo Português em Terras Angolanas. Um dos empecilhos ao turismo interno é (ainda) a falta de serviços associados como restaurantes, acomodação, guias turísticos competentes e comprometidos e lojas de conveniência onde se possa adquirir lembranças.

Massangano tem recebido alguns turistas nacionais e internacionais com destaque para família Tucker dos UA (cuja origem é angolana) que, depois de alimentarem os olhos e a mente com conhecimentos sobre os primórdios da presença portuguesa em Angola e o tráfico de escravos, acabam por se retirar por falta de serviços de apoio ao turista.

A partir de Janeiro de 2025, a comuna de Massangano passa a município, desmembrando-se de Kambambe e, ao chegar à sede, quem o vai receber (daqui a alguns meses) será a instalação turístico-hoteleira do Tino. 

Tino Cardona, um jovem forasteiro (benguelense) quer que "os turistas venham e permaneçam", está a erguer, bloco a bloco, assim como "grão a grão a galinha enche o papo", um resort que vai impulsionar o turismo no futuro município.
"Já faltou mais e o Resort está a ser equipado com bungalows, quartos normais, esplanada e restaurante", diz, confiante, Tino Cardona, que conheceu Massangano por via do escutismo e turismo religioso.
"As obras decorrem bem e já há cinco quartos prontos" de muitos outros por concluir", explicou o investidor.
Uma vez confirmado o estatuto de município, Massangano (que, ao ganhar novo estatuto, devia ter o topónimo ajustado à sua etimologia e semântica) poderá ter uma câmara municipal e um edil, numa situação de termos autarquias.
Metros à frente, começa o conjunto de escombros que guardam a história de Massangano. 
_ À direita, está o que foi tribunal e casa de reclusão. Se viras novamente à direita, encontras as ruínas do que foi a cadeia. Tinha celas subterrâneas. _ Desta vez o narrador é o administrador comunal adjunto de Massangano.
Ao lado esquerdo (a entrar), está o edifício que foi a casa do governador Paulo Dias de Novais. "Mais tarde, serviu de casa dos sipaios", explica Carlos Ângelo Cacoba, administrador comunal adjunto. Depois, está a esquadra da polícia e a sede da administração comunal que vai ser elevada a municipal, já em Janeiro de 2025. As ruínas da antiga Câmara Municipal, século XVI, ficam depois da actual administração. Apar da igreja são os únicos edifícios com utilidade diária e permanente. A antiga Câmara Municipal fica antes da Fortaleza. Mais adiante vê-se a igreja católica e, trezentos metros à frente, seguindo o caminho do Kwanza em direcção ao Atlântico, está o que foi a Praça de Escravos
"Aqui eram avaliados e comercializados como objectos. Os aptos para qualquer transação eram, depois, baptizados na igreja onde recebiam um nome e embarcados, rio abaixo, até ao que é hoje o Museu da Escravatura, seguindo para as Américas e outros destinos". Mas, sobre Massangano não é tudo. O nosso cicerone conta que havia um forno e mostrou o caminho.
"Nele eram jogados os indivíduos sem valor comercial, doentes, inválidos, deficientes, etc. Estes eram jogados no forno como se de leitões se tratassem", conta Carlos Cacoba, possuído de comoção pelos infelizes.
As ruas de Massangano eram iluminadas a candeeiros. Os postes construídos em pedra, onde eram afixados os candeeiros a azeite e torcida, mantêm-se hirtos e gritam aos ventos e aos que passam a história sobre o seu desempenho e serventia.
Outros espaços que continham casas do tempo áureo da localidade estão em desaparição, podendo ser vistos poucos outros escombros e ou bases "escondidas" entre os casebres dos actuais moradores, feitos a base de pau-a-pique, barreadas e cobertas de chapas de zinco ou folhas de palmeiras. Outras casotas são de adobe (tijolo de terra bruta sem cozimento em forno). Há, porém, um detalhe: todas as casotas de Massangano têm energia eléctrica e podem ser vistos também alguns fontanários. 
Tendo conhecimento de edifícios seculares reabilitados na Europa e notado o estado de depreciação avançada que apresentam os sobrados de Massangano e outras ruínas históricas espalhadas pelo país, uma pergunta me persegue: existirá alguma disposição legal que impeça a reconstrução de ruínas históricas como as de Massangano?
Ora, reza a história que Massangano foi, na verdade, a primeira Câmara Municipal, a primeira sede de governo portuga no território Ngola que evoluiu para Angola. Paulo Dias de Novais foi o primeiro governador português a chegar a Angola e tinha como principais acções explorar os recursos naturais e promover o tráfico negreiro (escravatura), formando um mercado exclusivo de escravos.
Novais obteve do rei D. Sebastião (1568-1578) uma Carta de Doação (1571), que lhe dava o título de "Governador e Capitão-Mor, conquistador e povoador do Reino de Sebaste na Conquista da Etiópia ou Guiné Inferior", nome pelo qual a região de Angola era então conhecida, ou simplesmente Capitão-Governador Donatário. Partiu de Lisboa em 23 de Outubro de 1574 e desembarcou na chamada Ilha das Cabras (actual Ilha de Luanda) a 11 de Fevereiro de 1575. Na ilha já existiam cerca de sete povoados e Novais encontrou sete embarcações fundeadas e cerca de quarenta portugueses estabelecidos, enriquecidos com o comércio negreiro, ali refugiados dos Jagas. Acredita-se que já estivessem ali estabelecidos há alguns anos, uma vez que na ilha também existia uma igreja e um padre.
Estabelecendo-se na Ilha das Cabras, Novais recebeu uma embaixada do rei Ngola Kilwanje Kya Samba (29 de Junho de 1576), recebendo a permissão deste para se mudar para terra firme, para o antigo morro de São Paulo, onde fundou a povoação de São Paulo de Loanda.
Pelos termos da Carta de Doação recebida, Novais deveria expandir o território para Norte até às margens do rio Dande (Bengo), para o Sul, e para o interior ao longo do curso do rio Kwanza. Tinha ainda a obrigação de construir uma igreja, fortalezas e de doar sesmarias, para assentamento dos colonos. Partiu em direção às terras do Ndongo, em busca das lendárias minas de prata de Kambambe, avançando pelo vale do Kwanza até à sua confluência com o rio Lukala, onde (perto dela num terreno alteado que permitia visualizar qualquer embarcação que circulasse nos dois sentidos do rio) fundou a vila de Nossa Senhora da Vitória de Massangano, em 1583.
Novais faleceu em Massangano, em 1589, aos   79 anos, e lá foi sepultado, defronte da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, em túmulo de pedra. As suas cinzas foram mais tarde transladadas para a Igreja dos Jesuítas em Luanda, pelo Governador Bento Banha Cardoso, em 1609.
Terminando como começámos esta "visita descritiva", a primeira Câmara Municipal de Angola pode ser restaurada, depois de 2025.

terça-feira, fevereiro 11, 2025

O (H)EBO E A HISTÓRIA POR DESVENDAR

O (H)Ebo tem nome inscrito na luta e resistência das nossas FAPLA contra as incursões das forças armadas do regime segregacionista sul-africano, mancomunado com a Unita, que pretendiam impedir a independência de Angola a 11 de novembro de 1975.

A história registou a célebre Batalha do (H)Ebo, em que, para travar o avanço dos invasores sul-africanos, tombou, heroicamente, a 11 de Dezembro de 1975, o Comandante Raúl Arguelles Garcia. Arguelles era cubano e veio ajudar-nos a conter o avanço paera Luanda dos invasores externos e seus sequazes nacionais. Angola homenageou-o com um monumento que se acha no troço entre a entrada para o sítio histórico "Pinturas rupestres de Ndala Mbiri" e a sede administrativa do (H)Ebo. Os seus restos mortais repousam em Luanda, no Cemitério do Alto das Cruzes.
O (H)Ebo é uma vila e município do interland kwanza-sulino, "encravado" entre Kibala, Waku Kungu (Sela), Konda, Amboim e Kilenda.
Desde que conheci o (H)Ebo, têm sido frequentes as visitas à vila sede. Nas conversas, os populares têm reclamado o asfalto em direcção ao Waku e Ngabela para aumentar o movimento.
_ O alcatrão parte do Kondé até à vila e não avança. Aqui, quem entra tem que sair pelo mesmo caminho. Não avança. _ Precisam os moradores.
_ A luz passa, mas não pára. _ Acrescentam os munícipes que dizem usar ainda candeeiros a petróleo.
Contam ainda os munícipes que "Hebo foi a vila que mais sofreu às mãos da Unita" que fazia dela sua logística alimentar.
_ Como aqui é nos matuku¹ e o reforço das tropas vindas do Sumbe ou Sétima Região Militar (Benguela) demorava, por falta de estrada esfaltada e minas que metiam nas picadas, eles quase moravam aqui e tudo que a população produzia acabava nas mãos deles. _ Narra Fernando Almeida, 68 anos, acrescentando que "levavam os cabritos, milho, batata, mandioca e até frutas nas árvores, sem pensar se o dono sente fome".
O (H)Ebo tem muitas estórias e história ainda por desvendar e registar.
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1- Esconderijo, entrada sem saída.

quarta-feira, janeiro 01, 2025

ALDEIA DE PEDRA ESCRITA: NÓTULAS

Até 1984 inexistia a aldeia de Pedra Escrita. Vamos à origem do topónimo. O penedo acomodava uma frase publicitária da Estalagem Boa Viagem, pertença da família Olímpio, também conhecida por "Bar do Olímpio", no Lus(s)us(s)o, e foi apelidado pelos populares locais e outros que por lá foram passando como "a pedra escrita".

O surgimento da guerrilha, por volta de 1983 e o recrudescimento de ataques às aldeias e viaturas, acções de implantação de minas terrestres na rodoviária, em 1984 e anos subsequentes, fez parar os trabalhos na Fazenda Hoji ya Henda (antiga Fazenda Israel) e desapareceu o acampamento que albergava os trabalhadores de origem ovimbundu.
Já os trabalhadores locais (a exemplo de meus pais) tinham abandonado a fazenda em 1979/80 e construído suas aldeias e aldeolas fundadas por laços de parentesco, no Limbe que fica a 2 quilómetros a oeste de Pedra Escrita (estrada Kibala-Dondo).
Entre 1984 e 1985, grande parte da família Trinta, descendente de Katoto e fundadora do Limbe, regressou à procedência. A aldeia de Katoto migrava das margens do Rio Ryaha à Sangwisa (antes de se desdobrar nas actuais três aldeias que se estendem ao longo da EN 120).
Os ovimbundu que habitavam na Fazenda Hoji ya Henda, alguns locais descendentes de Kalombo e Tumba Grande, assim como a família "Xika Yango" (Raimundo Carlos), essa última oriunda do Mbangu-yo'Teka e que se haviam fixado na aldeola no Limbe juntaram-se em pequenos "songo" (pequenos aglomerados ou quarteirões) na zona de Pedra Escrita.

Outros continuaram dispersos em suas lavras e pequenas aldeolas familiares até que o Comandante António Infeliz João proibiu que houvesse pessoas a viverem nas lavras ou dispersas, aglomerando-as todas na aldeia de Pedra Escrita que se agigantou. Já no ano de 1993 contava com os aglomerados (songo) da Igreja Cheia da Palavra de Deus, os do Sétimo Dia, os do Kuteka (família Raimundo Carlos e Maria Canhanga) os de Kalombo e Tumba Grande, os "Mbalundu" oriundos e descendentes de ovimbundu que tinham trabalhado na fazenda e os antigos "recuas" da Kis(s)ala, Lwaty e indivíduos de outras proveniências que, não podendo constituir um aglomerado, se foram acomodando em outros, de acordo às afinidades que foram criando. A família Napoleão dos Santos, por exemplo, oriundos do Longolo (Lwati), sendo primos de Maria Canhanga (Kilombo Ky'Etinu), fixaram-se no "songo" dos de Kuteka. Este conglomerado recebeu, anos depois, outros oriundos do Kuteka, Hombo, Mbanze de Kuteka e Kiphela, aldeias que se acham longe do asfalto, nas proximidades dos rios Longa e Muxixe (antes de este afluir ao Longa).

Estima-se que a aldeia de Pedra Escrita tenha mais de 500 famílias o que "obrigou" a administração do Estado a implantar equipamentos sociais como: o njango comunitário (inoperante há década), a escola primária com 3 salas e 2 wc (estes ocupados pelos professores por falta de dormitório), início da construção de um posto médico (obra inacabada e abandonada que se acha perto da escola), implantação de uma linha de transporte de água bruta da montanha a oeste até à aldeia e, finalmente, a construção de outro posto médico que se acha junto à EN120. O fontanário, apesar da falta que faz aos aldeões, deixou de jorrar água há mais de seis anos.

Conta-se que "um agricultor esquartejou a tubagem com a grade do seu tractor e não repôs a tubagem até hoje". Os aldeões informam ainda que o assunto foi levado à administração, "mas o homem tem costas largas" e não dá importância aos apelos do povo que voltou a abastecer-se da "ndunga" (poço) situada na zona baixa aonde confluem, no tempo chuvoso, todos os resíduos fecais animais e humanos.

As consequências disso não são difíceis de adivinhar: propagação de doenças, enchentes no posto médico, mais despesas com medicamentos, aumento de mortes, etc.

Conhecendo o dinamismo da nova governação do Kwanza-Sul e adivinhando-se novas rotinas e orientações de trabalho a vir de Mara Quiosa (sem que se substituam necessariamente os inquilinos dos "palácios" da Munenga e de Kalulu) pede-se-lhe que se mande repor a água na aldeia de Pedra Escrita e que se busquem sinergias para a construção da casa dos professores e enfermeiros (exemplos que traz de Cabinda), podendo contar com a parceria do autor desta prosa e de outros que se venham a interessar pela causa.

A referida aldeia contará nos próximos tempos com uma biblioteca que é obra benemérita de um cidadão bem identificado, nascido na aldeia de Bangu-yo'Teka, cujos pais foram pioneiros na constituição do actual conglomerado.
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Texto publicado pelo Jornal Litoral a 25 de Setembro de 2024.

quarta-feira, dezembro 04, 2024

KATOFE DE ONTEM E DE HOJE

Em visita familiar à Kibala (14.07.2024), cheguei a Katofe (já conhecia a vila de passagem) e procurei pela Escola Técnica Agrária que busca resgatar a áurea da localidade que fica a aproximadamente 13 quilómetros da vila de Kibala.

O que encontrei apontava para uma vila que apela por socorro. Casas, algumas, com pinturas a reclamar mais de 49 anos de ausência do pintor. Algumas sem tecto. Outras juntam à falta de tecto as porta e janelas. O que foi "casa de acolhimento dos açorianos que acabavam de chegar" é hoje casa de ninguém, ou melhor, abrigo de cabritos, mabengo, lyambeiros e noctívagos morcegos.
_ Será que se alguém solicitar a sua reabilitação conseguiria obter a cedência?
É que um motel em Katofe teria serventia, tanto para a localidade, quanto para Kibala que fica perto.

As inovações são o Complexo Escolar e a Escola Técnica Agrária que tenta resgatar a importância histórica da vila em termos de potencial agropecuário da região e do país.

Informações recolhidas na Escola Técnica de Agronomia apontam que frequentam a mesma 190 alunos, 79 dos quais internos e os demais externos.

Sendo escola básica, os alunos devem entrar com a sexta classe concluída saindo com a nona classe (ensino fundamental), sendo a idade máxima de entrada os 16 anos (saindo aos 19 para o mercado de trabalho).

Katofe, foi uma florescente vila fundada por agropecuaristas portugueses oriundos do arquipélago dos Açores (vide entrevista com Lúcio Flávio da Silveira).

Dados apontam que era profícua em leite e outros agro-produtos, registando, à entrada para 1975, autonomia em suprimento de energia e água. Aliás, o Rio Katofe, de curso permanente e facilitador da irrigação, passa ao lado, cortando e molhando as terras.

José Kassola, natural da região, conta que seu tio trabalhou na ELA (Empresa de Lacticínios de Angola), cujas instalações, em Katofe, podem ser vistas à entrada da vila (lado direito, sentido Kibala-Waku). Conta que a unidade “transformava em natas” o leite recolhido pelos fazendeiros e o transferia para a fábrica principal, no Waku Kungo, onde era terminado o processo.

“Acredito que ainda haja amostras de misturadoras, espátulas, blenders e outros restos de equipamentos que eram usados”.
Kassola diz ainda que o proprietário da E.L.A. tinha a responsabilidade de distribuir gado às famílias e essas cuidavam da ordenha. "O leite era colocado em recipientes metálicos. O meu tio António José Cassola "Kimbuze" tinha um em casa e, apesar de já falecido, e os meus primos ainda o conservam". Acrescenta que o motorista passava de fazenda em fazenda onde havia gado para recolher os recipientes, pagando o valor estipulado em Escudos para que os mesmos tivessem poder económico.
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A vila de Katofe retratada por quem a viu nascer

Lúcio Flávio da Silveira Matos é natural de Katofe, município da Kibala, Kwanza-Sul, emigrado em 1975 devido ao clima antes e pós-independência, para Portugal e, depois, para o Brasil onde, entre muitas coisas, desenvolve actividade académica em uma universidade. Lúcio Huambo, como também assina algumas de suas crónicas, é um homem que reflecte sobre Katofe e que narra, nas suas prosas e poesias, a saudade, os mitos e os cantares da terra que o viu nascer.
Em tempos (2012), o Lúcio publicou um artigo que ressaltava os homens adultos do seu tempo de meninice que deram cabo dum leão. Foi o motivo que accionou a minha já desperta curiosidade, resultando numa entrevista que tenho o prazer de publicar nesta página.
- Caro Lúcio, havia uma cidade, pequena, mas com este estatuto ganho em 1974, que é a Kibala. A cerca de dez quilómetros erguia-se a vila de Katofe com igreja "sumptuosa" e casas majestosas (naquele tempo) que comentário?
Lúcio: O meu blog inclui uma resenha histórica, intitulada "A décima ilha", escrita pelo meu pai - com heroicos 92 anos feitos em Novembro de 2012 - em que ele narra a lenta, mas sempre progressiva colonização açoriana na região do Katofe. A igreja que consideras "sumptuosa" realmente foi o último fruto de um progresso que se considerava imparável, à época. Quanto à arquitectura da igreja, teve três versões: a primeira foi uma pequena erguida sem torre de sinos (sineira) e a segunda já tinha uma torre com sinos, mas em 1964 mostrou-se exígua para o povo que a frequentava aos domingos e dias de Festa do Divino Espírito Santo, quando havia muitos forasteiros. O progresso das casas foi paralelo ao da igreja; as primeiras casas do Katofe foram de pau-a-pique, depois de adobe, e as primeiras casas de tijolo cerâmico cozido foram erigidas a partir de 1962. A casa de dois pisos no início da povoação, construída pelo Kimbaça Emílio Dias, um dos três pioneiros açorianos, era de adobe e foi construída no início da década de 1950. Ali, era a primeira pousada dos colonos que iam chegando livremente dos Açores, sem quaisquer apoios do governo português. A minha família só se mudou da casa de adobe para a de tijolo cerâmico em 1968. A luz eléctrica foi instalada na povoação em 1966.
_ Katofe era uma colónia agrícola?
Lúcio: Era uma colónia agro-pecuária, essencialmente baseada na pecuária de laticínios, que foi implantada de forma livre e espontânea por três açorianos que primeiro viveram alguns anos na Kibala. Ao se fixarem em Katofe, mandavam notícias para os Açores e assim, de forma livre, se foi estabelecendo um fluxo migratório por afinidade de famílias e não por incentivo governamental.

_ Eram os colonos todos ou maioritariamente açorianos?
Lúcio: Os colonos eram todos açorianos; havia cerca de setenta famílias originárias da ilha de S. Jorge, nos Açores. Entre os colonos havia dois da ilha Graciosa e um da ilha Terceira que casaram com mulheres jorgenses que já se encontravam em Katofe. Esses colonos não jorgenses vieram originariamente para o Kwanza Sul para trabalhar na construção dos colonatos que o governo colonial resolveu implantar na Cela (Waku Kungu), a 60 quilómetros. Contudo, ressalte-se que nos colonatos estabelecidos pelo governo inicialmente era proibida a utilização de mão-de-obra nativa, enquanto em Katofe, por ser de colonização livre, os trabalhos de agricultura e pecuária eram feitos com a cooperação de mão-de-obra nativa.
_ Qual era a ocupação principal daquelas famílias?
Lúcio: A ocupação principal sempre foi a pecuária de leite. Inicialmente, houve muitos revezes. O progresso começou a fazer-se sentir a partir de 1965, quando a ELA - Empresa de Laticínios de Angola, com sede na Cela, foi estabelecida com capital acionário igualitário do Estado, firma portuguesa Martins & Rebelo e dos lavradores das regiões da Cela e Katofe. O posto de laticínios construído em Katofe era só destinado à recepção de leite, que era encaminhado refrigerado em camião-tanque para processamento na fábrica da Cela.
_ Que outras infra-estruturas havia à data?
Lúcio: As principais infra-estruturas estabelecidas até 1974 eram a escola, o internato escolar e o posto de saúde, todos frequentados também por população autóctone. Havia previsão para estabelecimento de uma agência de Correios na década de 1970, o que não se realizou até hoje.
_ Havia uma administração da vila?
Lúcio: Não havia uma administração da vila. Os colonos organizaram uma cooperativa que era a principal voz representativa, através do seu presidente, junto às autoridades governamentais.
_ Como eram as relações entre os filhos dos brancos e dos negros de Katofe?
Lúcio: Posso considerar boas com tendência a melhorar muito. A integração era maior no futebol, com a equipa da povoação, de brancos e negros, a realizar frequentes jogos nas cinco aldeias mais próximas, à volta da povoação - Hombe, Songwe, Kikula, Kas(s)ala e Katoka; segundo relatos de quem foi ao Katofe, essas aldeias não existem mais.

_Quando foi que a vila de Katofe começou a ser fundada?
Lúcio: Penso que no início da década de 1940, com os três pioneiros André de Oliveira, João de Oliveira e Emílio Dias. O André de Oliveira morreu nos primeiros anos, vitimado pelas febres, pois o terreno na época era bem infestado por mosquitos e mosca-do-sono.

_ Lembra-se dos primeiros habitantes não autóctones de Katofe?
Lú: Os três pioneiros foram André de Oliveira, João de Oliveira e Emílio Dias. Depois, juntou-se a eles Vicente Teixeira de Matos, o meu pai, que foi apelidado pelos autóctones de Kilamba.

_ Por que razão foram lá parar (idos dos Açores ou outros pontos do distante Portugal continental)?
Lúcio: Os três pioneiros foram André de Oliveira, João de Oliveira e Emílio Dias que foram inicialmente para Kibala trabalhar para o Capitão Sandão, que era um militar açoriano casado na Kibala com uma nativa negra e (possuidor de) vários filhos. Resolveram tornar-se independentes e estabeleceram-se nas baixas de Katofe porque, segundo as informações colhidas na Kibala, havia ali bastante terra livre e boa para a criação de gado leiteiro, que é a vocação primordial dos jorgenses. Depois, juntou-se a eles Vicente Teixeira de Matos, o meu pai, que foi apelidado pelos autóctones de Kilamba. O meu pai foi encontrado no serviço militar no Huambo, onde o meu avô paterno tinha uma fazenda perto do Forte da Quissala; o meu pai foi para Angola atrás do pai, tendo abandonado os estudos em Portugal, quando ia fazer o curso de Veterinária. Quando foi convidado para ir criar gado em Katofe, mal saísse definitivamente do quartel, e bem longe do pai, ele não titubeou, afinal era um jovem de vinte anos.

O Lúcio Silveira tem estado a publicar no seu blog, MUKANDAS DO KABIÁKA, poemas com conteúdo que retrata Angola e fábulas da nossa terra (Angola). O meu entrevistado não descarta a possibilidade de converter as lindas e ricas fábulas em livro impresso.

Ainda sobre Katofe, o Pe. Abel João e Domingos Raul da Silva dizem, no livro BREVE HISTORIAL DA MISSÃO CATÓLICA DA QUIBALAO" que "em 26 de Setembro de 1949, no Cartório Notarial da Comarca de Nova Lisboa (Huambo), foi assinada a
escritura de fundação da Cooperativa de Colonização Agro-Pecuária, 'A Açoreana', com sede em Catofe, área do Posto Sede de Concelho de Quibala. Os Estatutos da Cooperativa foram publicados no Boletim Oficial da Província da Angola, III Série, nº 48, de 1 de Dezembro de 1949. Foram dezanove os fundadores".

sábado, novembro 02, 2024

O HOTEL CUNHA E OUTRAS HISTÓRIAS KIBALENSES POR DESVENDAR

O meu dia foi (24.08.24) marcado por entrevistas exploratórias a jovens e adultos da vila e cercanias de Kibala.

_ Já ouviu falar do Hotel Cunha?
_ E hotel império?
ouviu falar com comandante Kandimba?
As respostas foram nulas. Nem sobre os hotéis que foram apagados da toponímia, nem do lendário Comandante que muitos admiram até hoje.
As instalações que as fotos documentam eram de um hotel que, nas décadas de 40 e 50, era considerado "um dos melhores do Império Português".
O seu proprietário era o patrono da família Cunha, por sinal, avô de José Carlos Cunha "Oca". Há uns dois anos, visitei o Senhor "Oca" na sua fazenda em Kambaw, Kis(s)ongo, Lubolu, e falou-me sobre o hotel que seu avô, de origem portuguesa, erguera na Kibala.
Sendo eu "vasculhador e amante de estórias", meti-me no terreno para saber dos moradores com que fui cruzando, incluindo os actuais ocupantes dos escombros do que foi o Hotel Cunha, "o que foram as instalações e que serventia deram à vila?"
Dentre os jovens indagados, ninguém sabia onde ficava o Hotel Cunha, nem do Hotel Império. Uns apenas se lembram das instalações da ETIM¹, também gravemente atingidas em 1984 e em outros ataques subsequentes.
Não há registos na blogosfera e os livros que façam referência aos imóveis supra-mencionados devem ser raros.
Segundo Ana Viana Dos Santos, natural da Kibala, diz que "o Hotel Cunha e o Hotel Império (este último ficava onde estão hoje as antes de telecomunicações) foram destruídos em 1984, 12 de Junho, quando se deu o 1° ataque da Unita à Kibala".
É importante que a história não se apague por completo. Procurei pelo Presidente da ANAKIBALA, Francisco Santos, para conformar as informações prévias.
_ Aqui era o Hotel Cunha, o maior que havia na Kibala. Mais a baixo, onde se acham as antenas, estava o Hotel Império e do outro lado a ETIM.
Francisco Santos levou-me à casa do irmão do Comandante Kandimba e à do "homem de confiança que recuperou a pasta dele, depois de ter tombado em combate". O Pastor Santos, como também é conhecido, levou-me, inclusive, ao que sobra do "tanque de guerra" em que o comandante tombou heroicamente a 13 de Fevereiro de 1993. Ainda perguntei aos jovens das cercanias, se conheciam ou tinham ouvido falar sobre o Comandante Kandimba. O único Kandimba que conhecem é o restaurante que fica na Alameda (rua principal), num edifício estropiado, cujos donos homenagearam o comandante, mas são oriundos do Moxico. Assim vai a nossa história!
Quanto ao futuro do que resta dos escombros do antigo Hotel Cunha, José Carlos Cunha "Oca", diz que "de momento, faltam forças para investir nele". Vi que algumas famílias encontraram nele abrigo, sem que saibam de quem foi, o que foram aquelas minúsculas sobras de um grande edifício, com lojas e armazéns na parte baixa e suites na parte superior, nem quem são os seus herdeiros.
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1- Empresa de Transportes Intermunicipais.

terça-feira, outubro 01, 2024

NÓTULAS SOBRE KIBALA

 Wathithi kwamunzembe, walepa kakwata kolu, Ndonga-a-ngulu wandongile!*

Visitei a vila de Kibala no dia 13 de Julho. Não foi a primeira, sendo apenas última de muitas e com a felicidade de ter percorrido grande partes das ruas doi seu casco urbano que é muito maior do que a imagem que se oferece ao transeunte. Sendo "imagem de marca" os edifícios danificados pela acção da guerra civil (1975-2002), fiz recurso a fontes orais, escritas e à IA (inteligência Artificial) para buscar pistas sobre "quantas vezes a vila de Kibala foi atacada e ocupada pela insurreição armada e recuperada pelas forças governamentais". Não encontrei resposta numérica. O que é certo é que "foram várias as vezes que tal ocorreu" e em cada uma das acções de ataque, ocupação temporária e recuperação, sempre resultavam em danos humanos e infra-estruturais, fazendo com que o rosto presente da vila seja: prédios duramente estropiados, escombros e montulhos que indiciam ter existido ali e acolá casas e instalações comerciais e/ou industriais convertidas a zero.

Bem desenhada e implantada em terreno com pequenos declives que conduzem as águas pluviais a córregos naturais de fluxo permanente, Kibala, cercada a sul por montes pedregosos, tinha tudo para ser cidade.
Depois de percorridas as ruas e ruelas da "cidade" da Kibala, faço "mea culpa" por um dia ter negado tal designação, embora os dados oficiais apontem que ela foi somente elevada à categoria de vila em 15 de Janeiro de 1974, e, ao que se diz, "com planos da administração colonial portuguesa para elevar a vila ao estatuto de cidade". E tinha tudo para sê-lo, se tivermos que comparar a Kibala a outras vilas de então que foram elevadas à cidade como é o Dondo, Gabela e ou mesmo Henrique de Carvalho.
O sexagenário Xavier Nhanga da Julieta, natural da Kibala, contactado a buscar por suas memórias, avança que “o primeiro relato de que a vila tinha sida atacada e que resultou na destruição dos edifícios Império, edifício da DOM (Departamento de Organização e Mobilização) e o Banco Totta, assim como outros edifícios ocorreu em 1984”. Esse dado é confirmado por Matias Pascoal Manuel que à data vivia na Kibala e precisa que "o primeiro ataque foi a 12 de Junho de 1984, data em que a CAIMA foi igualmente destruída".
De lá em diante, a vila foi tratada como “gato sapato”, apesar da entrega e tenacidade do Batalhão comandando pelo mítico Kandimba, de quem o cancioneiro popular regista e guarda a sua bravura na defesa da vila.

Ana Viana, natural da Kibala, tinha 12 anos em 1984 e relata que "1984 o ano da defesa e da produção. Kandimba era comandante de um Batalhão da Brigada 150. A tropa tinha ido prestar socorro no Lwati, Libolo, onde ocorrera outro ataque. Os tropas que tinham ficado eram poucos. O segundo ataque foi em junho de 86. O terceiro foi quando mataram o Felizardo que foi secretário da Jota. Até aos confrontos de 1992, houve mais ataques..." fazendo recurso á memória de uma rapariga (em 11984) que já estudava a quarta classe, Ana acrescenta que "o primeiro ataque durou 3 dias, até que (regressado do Lwaty) Kandimba assumiu o controle da situação". Lamenta a perda de amigos, colegas de escola, parentes e conhecidos e finaliza:
_ É por isso nunca me esquecerei do ano 1984.

Olhando para as "sobras da guerra" (alusão ao romance de Ismael Mateus) quem vai ou passa por Kibala nota que o mais alto edifício são as instalações da moageira CAIMA (Companhia Angro-Industrial de Milho de Angola, instalada na década de sessenta do séc. XX e que tinha uma capacidade de processamento de aproximadamente 120 toneladas de milho por dia), que fica na EN 140, a que liga a Gabela ao Mussende, cortando diagonalmente a vila da Kibala. É uma pena que a CAIMA, detentora das marcas "canini e tari" esteja como está: parada e sem horizonte para a sua reabilitação.
Todavia, nem tudo são abrolhos. Entre as décadas 50 e 60 do século XX, a Kibala gabava-se de possuir aquele que era tido como "o melhor hotel do Império", propriedade do senhor Cunha. O libolense José Carlos de Oliveira Cunha "Oca", herdeiro do sobrenome e neto, confirma esse dado. "Situava-se ao pé da Administração municipal da Kibala, lado oposto".
A próxima melhor instalação hoteleira da Kibala vem pelas mãos de Eduardo Fernando, um natural que fez vida fora da circunscrição e decidiu juntar "patacas" para as investir em sua terra. Com três andares é tido como "o mais alto da circunscrição, depois do edifício da CAIMA. São acções como essas que replicadas fazem evoluir as localidades.
Impávida e persistente olha-nos, a partir do cimo do monte rochoso, o fortim, conferindo cada fracasso ou vitória dos homens e mulheres da Kibala que é eterna. E para terminar, que tal uma rua para homenagear o comandante Kandimba?
...
* Na variante local de Kimbundu significa: Não desprezes o baixinho, pois o homem mais alto nunca tocará os céus.

quarta-feira, setembro 25, 2024

LUCIANO CANHANGA (C.V.)

CURRICULUM VITAE 
LUCIANO ANTÓNIO CANHANGA
Principais Qualificações:
_____________________
·     Experiência em Comunicação (Jornalismo, Marketing, Assessoria de Imprensa), Docência e Gestão de Capital Humano.

Formação Acadêmica:
· UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA, PORTO, PT
Mestre em Ciências Empresariais, 2020. 
Tema: A Falta de Motivação e o Impacto nos Colaboradores: um estudo de caso no Ministério da Geologia e Minas 
FACULDADE DE AGUDOS, BRASIL
Pós-Gradução em Gestão Empresarial com foco em pessoas, 2015
·         Universidade Privada de Angola
Graduação em Comunicação Social                                           2008
·         Instituto Superior de Ciências de Educação
Didáctica de História (4º ano),                                                     2004   
·         Instituto Médio de Economia
Jornalismo,                                                                 1996                                             

Experiência Profissional:
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Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás:
- Director do GTICI, desde 2020 
- Director do GCII, 2018 a 2020 
Ministério de Geologia e Minas:
- Director do GRH, 2015-2018
Sociedade Mineira de Catoca, Lda:
- Assessor da Direcção de Organização e Pessoas, desde 2015 
- Chefe do Sector de Comunicação e Imagem de 2007 – 2015
- Chefe de Secção de Comunicação, Relações-Públicas e Protocolo 2006-2007 
Luanda Antena Comercial:
- Jornalista e Editor de 1996 - 2006
Rádio Difusão Portuguesa/Canal África
- Correspondente em Luanda, de 2004-2006
Jornal O Litoral
- Colunista desde 20023
Jornal de Economia & Finanças
- Colunista desde 2022 com pseudónimo Phande a Umba
Jornal de Angola
- Colunista desde 2017 com o pseudónimo Soberano Kanyanga
Jornal Nova Gazeta
- Colunista desde 2015 até à extrinção
Jornal Cultura
- Colunista, desde 2014
Semanário Angolense
- Colunista de 2014 até à extrinção
Semanário Cruzeiro do Sul
- Jornalista e articulista, 2009 até à extrinção

Jornal Expansão,
- Colunista (não permanente)
Instituto Superior Técnico de Angola
- Professor de Rádio e História do Jornalismo Angolano, 2015-2020
Instituto Superior Politécnico Lusíada da Lunda Sul
- Professor de Língua Portuguesa, 2013-2015
ULAN/Escola Superior Politécnica da Lunda Sul
- Professor de Língua Portuguesa, 2012- 2015
Igreja Metodista Unida-Moisés (Clube de Amigos do Jornalismo)
- Professor de Língua Portuguesa e Técnicas de Reportagem e Redacção, 1999-2001
Ministério da Educação:
- Professor primário, escola 524, 1996 -1998
Cursos Complementares:
__________________________
- Formação para membros de Conselhos Fiscais, ENAPP, 2024
- Curso de Economia Moderna, ENAPP, 2022
- Introdução à Administração Pública, ENAD, 2015
- Gestão de RH na Administração Pública, ENAD, 2016
- Planificação e Gestão da Formação, ENAD, 2017
- Gestão e Liderança de Equipas, INSIGNIS WEST; Lisboa, 2016
- Mini MBA sobre Administração e Gestão de Empresas, Catoca & Vantagem Mais, 2010.
- Relações Públicas Empresariais e de Estado, GESTINFOR, 2007
- Gestão de Crises, Catoca, 2006
- Gestão de Projectos, Catoca, 2007
- Avaliação de Desempenho, Accenture/Catoca, 2010.
- Gestão Moderna, Catoca & C4E, 2009
- Jornalismo de investigação, Banco Mundial e Centre WANAD, Bamako, 1998.
- Língua Portuguesa para jornalistas (Propedêutico), Univ. Catol. Angola, 2003.
- Jornalismo eleitoral, RTP e CEFOJOR, Luanda, 2005.
- Jornalismo digital e novas tecnologias de informação, Fund. Gulbenkian e Univ. Católica Portuguesa, 2005.
- Relações Económicas ACP-UE, Bruxelas, Bélgica, 2003.
- Oficina de Jornalismo, Saurimo, 2007.
Obras literárias
_________________________
- A Falta de Motivação e o Impacto nos Colaboradores: Estudo de caso no Ministério de Geologia e Minas, 2024 
- Kitotas: Recuos e avanços, 20023;
- O Sonho de Kaúia (romance), editora Mayamba, 2010; 
- Manongo-Nongo (Contos), TamodaEditora, 2012;
- 10Encantos (poesia) edição de autor, 2013;
- O Relógio do Velho Trinta (romance), Odracir/G.P. Bié-2014),
-O Coleccionador de Pirilampos (contos), LeyAngola-2014
- Canções ao vento (poesia) Creative by arp- 2015
- Amor sem pudor (poesia), Creative by arp-2018;
- As travessuras de Jack (novela) Tm Editora, Br, 2018
- Antologias: Angola (2), Portugal (1), Roménia (2), Brasil (1), África do Sul (5) e Chile (1).

Artigos:
___________________
- Bilinguismo entre os ambundu do Lubolu, 2023;
- A língua dos Kibala, Semanário Cruzeiro do Sul, 14 Novembro/07
- A língua dos Kibala: Kimbundu ou Ngoya?, Jornal Cultura, 24 Julho/16
- Os ambundu do Kwanza-Sul: delitos, transgressões e penalizações nas aldeias rurais, www.kalulo.com/index.php/cultura/antropologia
- Circuncisão entre os Kibala e Lubolu (iden)
- Visão do Estado Angolano sobre autoridade tradicionais (iden)
- Pescas fluviais no Lubolu e Kibala (iden)
- A indústria Rural dos Ambundu do Kwanza-Sul (iden)
- A caça entre os Lubolu e Kibala (iden)
- USOÑONA: Acto matrimonial entre os Lubolu, Kibala e outros ambundu do K.Sul, Jornal Cultura, 13 Maio/17

Blogues temáticos:
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- www.agricultarte.blogspot.com

 Línguas:
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