Há 45 anos que oiço e reflito sobre as expressões "toma lá" e "leva lá", trazidas pelos donos da língua que uso para essa comunicação e que ganharam espaço nas aldeias interiores de Angola, com realce para o Lubolu e arredores.
"Úlevala" é corruptela de leva lá;
Wazala "itomalá". Itomalá é corruptela de toma lá.
A minha imersão comunitária (etnografia) comprova que os cantineiros lusitanos espalhados pelo sertão angolano costumavam usar a expressão "leva lá" quando dessem o produto a crédito, o chamado vale. A expressão implantou-se, popularizou-se e ganhou o sentido de fiado.
Quando os comerciantes dessem um rebuçado ou outro produto/artigo de oferta, a expressão que usavam era "toma lá". Dado que os produtos/artigos ofertados eram, regra geral de baixa qualidade ou baixo preço, a população, na sua criatividade, foi apelidando objectos recebidos de oferta, sobretudo os de baixa qualidade por "itomalá". Daí a expressão "wazala/wazwata itomalá" (vestiu algo ofertado e de baixo valor).
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