A natureza racional do homem,
mais do que facilitar, aumenta a complexidade quer da gestão das organizações
quer do exercício da liderança.
Diferente da chefia, a
liderança é um processo que leva à adesão voluntária dos liderados (equipa),
sendo mais fundada em valores do que em meios coercivos (primado da lei,
regulamentos, autoridade formal, etc.).
Segundo Brandão, muitos “líderes” de organizações servem-se do poder ou
da patente que lhes foi dada para atingir os seus objectivos ou os da
corporação, não sendo esse o mais alto nível de liderança.
O autor prossegue que “um líder carismático, verdadeiro, focado e consciente é muito mais
respeitado que um autoritário”. Não que a autoridade não funcione ou não
tenha valor. Ela é importante, mas sozinha não eleva ninguém acima do que é
básico. Uma boa liderança deve enxergar para além do óbvio.
John Maxwell, renomado cientista da Administração, destaca
5 níveis de liderança:
5º Nível – Auge:
está relacionado com o Respeito. As pessoas seguem pelo que o líder é e
pelo que representa. É pelos exemplos que dá, pela participação nas tarefas
que se reconhece a qualidade do líder (sobretudo no nível de gestão
operacional).
4º Nível –
Desenvolvimento de pessoas: aponta para a Reprodução. As pessoas seguem
pelo que o líder faz ou fez por elas. Ser atencioso, não só aos
aspectos laborais, mas também pessoais dos liderados faz com que estes ganhem
estima pelo seu “pastor”.
3º Nível –
Produção: Está direcionado para os Resultados. As pessoas seguem pelo que
você faz ou fez pela organização. Se o líder for dedicado em melhorar o trabalho
e a reputação da organização (Direcção ou Departamento), maior será a adesão
dos seus liderados a esses valores.
2º Nível –
Consentimento: Está ligado ao Relacionamento. As pessoas seguem porque querem. Tem a ver com o
lado consciente do indivíduo e pelas opções.
1º Nível – Posição:
Está interligado com a Obrigatoriedade ou o poder formal. As pessoas
seguem porque elas são obrigadas a fazê-lo. É aqui que se exerce a
chefia, propriamente dita, que é um dos atributos que deriva do poder delegado.
O exercício da liderança é um
privilégio e uma responsabilidade que não se estende a todos. Os líderes são
responsáveis pela eficácia (fazer as coisas certas) e a eficiência (fazer as
coisas da maneira certa) da organização.
Segundo Maxwell, citado por Brandão,
espera-se que os líderes sejam líderes,
isto é, tenham no mínimo, uma visão clara do futuro para aonde conduzem os seus
liderados, uma sensibilidade aguçada para que este futuro seja fruto dos sonhos
e anseios dos liderados e um senso de responsabilidade para com a
organização/organismo, pois os líderes não são servos dos liderados, mas servos
da visão comum. Servir os liderados é a maneira como os líderes servem à visão,
e não a sua finalidade essencial.
Três capacidades são enumeradas
pelos cientistas da Administração para que um líder execute com alguma perfeição
as responsabilidades acima elencadas:
1- A capacidade de conviver com a
solidão. Líderes são líderes porque enxergam, percebem, sentem, sabem, estão
dispostos a sacrifícios, possuem paixão diferenciados em relação aos liderados.
Um líder na média dos seus liderados é um liderado que está no lugar errado, ocupando
a posição de líder.
2- A capacidade de tomar decisões impopulares.
John Kennedy disse que o segredo do fracasso é “tentar agradar todo mundo”. O
líder deve sempre tentar construir consenso, mas deve ter coragem para tomar
decisões e assumir responsabilidades. Caso contrário, será um “facilitador de
discussões”, e não um líder de facto.
3- A capacidade de conviver com
críticas. Diz-se entre os cristãos que
“nem Jesus Cristo agradou todo mundo”. Nesse caso, uma vez que o líder se
posiciona, assumindo sua responsabilidade de levar os liderados rumo ao bem
comum, certamente contrariará interesses particulares, e consequentemente será
alvo de palavras duras e imerecidas.
Por último, importa revisitar os
níveis de decisão e comportamento para que nos saibamos reposicionar.
A ciência da Administração aponta o Nível Estratégico (liderança de topo):
toma as decisões estratégicas da organização e faz o planeamento estratégico. Se
pretendermos fazer uma analogia com a nossa Organização, aqui posicionamos os Membros
do Governo (Ministro e seus dois Coadjutores); Nível Tático (liderança intermédia que toma decisões táticas e
faz planeamento tático): é aquele que se situa entre a alta hierarquia a e
liderança das equipas operacionais (no nosso caso os Departamentos e Secções).
Podemos colocar aqui a Secretária Geral e os Directores. Estes recebem as
orientações estratégicas da Liderança de Topo, as interpretam, distribuem ao nível
inferior e fazem o PDCA (do inglês:
PLAN - DO - CHECK - ACT ou Adjust: é um método iterativo de gestão de quatro passos,
utilizado para o controle e melhoria contínua); Nível Operacional (chefias de
Departamento e de Secções): tomam decisões operacionais e faz planeamento
operacional, materializam as decisões estratégicas, convenientemente
interpretadas e ajustadas pela liderança intermédia. A esses se exige presença
física nas instalações da organização, participação no labor das equipas,
controlo da qualidade e correcção.
Em linguagem menos tecnicista, podemos comparar a hierarquia e
responsabilidades dos Níveis de Decisão com o que acontece numa fazenda: o
Proprietário tomas as decisões estratégicas sobre como aumentar o negócio. O
Gerente interpreta e transmite as linhas estratégicas ao pastor, planificando,
acompanhando e checando a sua implementação. O Pastor trabalha todos os dias
com as “ovelhas”, levando-as ao bom pasto.
Sem comentários:
Enviar um comentário