Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, agosto 01, 2019

KASIMBU DA MINH'INFÂNCIA

Setembro era o mês do retorno à escola. Por isso, Maio, mês do início do Kasimbu (cacimbo ou estação seca) que se estende até Agosto, era o mês das provas de conhecimento e exames finais.

Os que atingissem a idade da circuncisão (no Libolo, era normal dos cinco aos dez anos, podendo acontecer, excepcionalmente, antes ou depois desse intervalo) estariam a contar os dias (se cônscio disso) ou à espera de serem surpreendidos pela chegada do "mestre da faca afiada". Os mais crescidinhos, já talhados para a caça, começavam a preparar os instrumentos de caça por queimada de capim, a alimentar os cães e a consertar as alparcatas.

Os que se tenham dado bem na escola, alguns eram presenteados com viagem a Luanda ou outra capital qualquer: a sede comunal, a sede municipal, a capital provincial e se os pais mais pudessem e quisessem, a capital do país. E quando voltasse à aldeia natal, era recorrente dos viajantes a expressão:
- Ewo, mu Luanda Uwabeee! (quão linda é Luanda!)
E contavam-se cenas de roer as unhas para quem nunca tinha deixado a aldeia nativa, umas verdadeiras e outras de enfeitar a línguas e os ouvidos da audiência.
- Quão linda é a cidade!Com a realização da picadas e depois das queimadas, iniciava-se a preparação do ano agrícola. Preparar o "kibembe" (terreno que esteve em sistema de pousio) para o milho, a batata-doce, o feijão e a jinguba. Ainda durante o kasimbu (cacimbo) os deltas dos rios e outras partes mais baixas (sem que haja rios) chamadas "kitaka ou naka" ganhavam o verde da rega. O cultivo de hortaliças acontece com maior intensidade no período de estiagem para os campos altos e rega nas zonas ribeirinhas. E o milho, a jinguba, a batata, o tomate, a cebola e alho, enfim... tudo volta, mesmo sem chuva!

Sem comentários: