A caminho da sede do Sporting de Luanda, que já foram Leões no Girabola, há uma amostra da antiga ferrovia que saia do Mbungu, espraiava-se pela Marginal e rasgava a cidade baixa até à Mayanga. Outro ramal, saído do Porto, ia "visitar" a Ilha de Luanda. São tempos que apenas a idade avançada dos que o viram descreve ou os livros quase já sem cor.
Outra rota, não menos importante, passava pela Boa Vista e rumava à Funda. Pelas bandas da Petrofina ainda conheci, nas traquinices dos anos oitenta, os carris que, aos poucos, foram sendo recolhidos para suportar as coberturas de casas precárias.
Da Estação do Museke, entre Rangel e Kazenga, partia um outro ramal que seguia ao Kikolo, sendo o seu término a moagem de trigo. Nesse comboio, com suas carruagens de madeira, ainda viajei variadas vezes em busca de "sabão cocó", restos da Induve que os aldeões (à data) recolhiam, fundiam e acrescentavam um pouco de água para conferir-lhe uma forma mais aquosa. Chegou a ter vedação até à cervejeira do " cuco". Porém invadido pelos deslocados , em 1992 e anos subsequentes, foi completamente desmantelado, dando lugar à casebres e edifícios no seu traçado. Não resta sequer história para contar aos filhos de hoje.
Entre o nó rodoviário Ndalatandu-Ngulungu partia outro ramal. Tinha como vocação o transporte, essencialmente, de café que se colhia a toneladas vastas por aquelas paragens.
À semelhança do homólogo Caminho-de-ferro do Amboim, que partia do Porto Amboim à Gabela, o ramal do Ngulungu vai desaparecendo do mapa visual. Hoje, os carris e travessas são, semanas sim meses também, roubados para suportar os tectos das mabatas e ou vendidos aos sucateiros de Luanda. Daqui a nada, se nada mais se fizer, para impedir que a história se apague, nada sobrará, à semelhança dos ramais do Kikolo, Mayanga, Ilha de Luanda e Funda.
Uma atenção é reclamada ao oficialmente extinto Caminho-de-ferro do Amboim (ainda constava dos manuais do ensino primário da década de oitenta), cuja visita e retrato me estão na vontade e pela garganta.
Texto publicado pelo Jornal de Angola, Agosto/2018
Outra rota, não menos importante, passava pela Boa Vista e rumava à Funda. Pelas bandas da Petrofina ainda conheci, nas traquinices dos anos oitenta, os carris que, aos poucos, foram sendo recolhidos para suportar as coberturas de casas precárias.
Da Estação do Museke, entre Rangel e Kazenga, partia um outro ramal que seguia ao Kikolo, sendo o seu término a moagem de trigo. Nesse comboio, com suas carruagens de madeira, ainda viajei variadas vezes em busca de "sabão cocó", restos da Induve que os aldeões (à data) recolhiam, fundiam e acrescentavam um pouco de água para conferir-lhe uma forma mais aquosa. Chegou a ter vedação até à cervejeira do " cuco". Porém invadido pelos deslocados , em 1992 e anos subsequentes, foi completamente desmantelado, dando lugar à casebres e edifícios no seu traçado. Não resta sequer história para contar aos filhos de hoje.
Entre o nó rodoviário Ndalatandu-Ngulungu partia outro ramal. Tinha como vocação o transporte, essencialmente, de café que se colhia a toneladas vastas por aquelas paragens.
À semelhança do homólogo Caminho-de-ferro do Amboim, que partia do Porto Amboim à Gabela, o ramal do Ngulungu vai desaparecendo do mapa visual. Hoje, os carris e travessas são, semanas sim meses também, roubados para suportar os tectos das mabatas e ou vendidos aos sucateiros de Luanda. Daqui a nada, se nada mais se fizer, para impedir que a história se apague, nada sobrará, à semelhança dos ramais do Kikolo, Mayanga, Ilha de Luanda e Funda.
Uma atenção é reclamada ao oficialmente extinto Caminho-de-ferro do Amboim (ainda constava dos manuais do ensino primário da década de oitenta), cuja visita e retrato me estão na vontade e pela garganta.
Texto publicado pelo Jornal de Angola, Agosto/2018
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