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segunda-feira, agosto 17, 2020

NGOYA: CONSTRUTO INACABADO OU ADIANTAMENTO NA ACULTURAÇÃO?

Um dia depois do Live no Kubico que juntou Kumbi Lixya, Man-Prole e Bessa Teixeira, um dos programas de entretenimento da Televisão que "É nossa" estendeu o sinal ao Sumbe para perguntar ao jornalista local sobre o impacto do Live na capital cwanza-sulina, tendo a jovem apresentadora iniciado por perguntar "como se dizia boa tarde em língua local".

O jovem, sem pestanejar ou recorrer ou que já teria ouvido bastas vezes, atestou que "em ngoya é mesmo mboa tali" , quanto a mim, uma kimbundizacão de boa tarde (Pt).
Perante tal desfeita aos mais velhos, cultores de nossas línguas (principal elemento dignitário de um povo), aos investigadores e cientistas das línguas; tal "desfeita" e tão banal quanto foi só me pode levar às seguintes hipóteses:
a) Que a língua ngoya que se apregoa existir no Sumbe, e que pelas ondas da RNA pretendem tornar extensiva a todo o Kwanza-Sul, é uma invenção inacabada, portanto, inexistente;
b) Que, caso mui remotamente tivesse existido, seria a língua angolana mais avançada na sua perda de identidade ou acomodação de lusitanismos, ao ponto de deixar de conter no seu léxico uma simples saudação; ou, na pior das hipóteses;
c) Que tal povo e língua "ngoya" são pós-dependência de Angola e a tatear ainda na construção e composição do seu "corpus identitário" em que se posicionam a língua autónoma e demais elementos identitários periféricos.

Uma casa inacabada é um projecto que pode dar em casa ou em nada. Portanto, não façam os incautos "pescar" um pedaço de canoa náufraga, confundindo-o com bagre. As línguas têm léxico próprio, têm vida...

Eme nganange. Eye phe? 

Muphe nga, kwimuna kwi?

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