CONSTRUCTO
Aqui deposito algumas reflexões fruto de Vivências e Pesquisas.
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sexta-feira, julho 25, 2025
OS GÊMEOS NA COSMOGONIA AFRICANA BANTU(ANGOLA)
sábado, junho 07, 2025
"QUE FALOU KIMBUNDU É ZINHA DOMINGO"
A escola era entre a aldeia de Mbango Yo'Teka e a aldeola de Kabombo. Um quarto, que restava da antiga residência do senhor Marques, colono português que àquelas terras fora degredado para fazer agricultura, servia de sala de aulas. O professor era Faustino Kisanga Bocado. Como o ensino era e é ainda em língua portuguesa e os nativos de Kuteka mantinham o contacto com a língua colonial apenas quando chegasse a idade escolar, o uso do Kimbundu (no recinto escolar e em casa) fora proibido para acelerar a aprendizagem da língua veicular em Angola.
_ Mbomba mu hondja ùwabe!
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Publicado no Jornal Litoral a 25 de Maio de 2025
sexta-feira, maio 02, 2025
MEMÓRIAS DE KUTEKA E PEDRA ESCRITA
A 25 de Janeiro de 2025, cruzei, próximo da aldeia de Pedra Escrita, com uma parente que não conhecia. É neta ou bisneta do "Velo Xingwenda" [Velho Cinquenta], parente da minha mãe.
Quando me foi apresentada pelo mano Gonçalves Manuel Carlos, recorremos à árvore genealógica para nos situarmos e, mesmo nunca me ter visto antes, quando se apercebeu que eu era filho da "avó Maria Canhanga", começou a recitar uma música dos tempos de xilimina [folguedos dos anos 90 do século XX] e que fazia alusão a mim.
"Kajila bera mwititu twazeketu (3x)"[Passarinho diga, vamos pernoitar no ninho].
Em menos de 3 meses, na aldeia de Mbango yo'Teka, foquei imortalizado e recordado por pessoas que nasceram décadas depois de eu ter por lá passado, de Janeiro a Março de 1990, fugido da Unita que me correra de Kalulu e, semana depois, da aldeia de Pedra Escrita.
A jovem, parecendo minha mais velha (eu cinquentão e ela na casa de 30), lavava roupa, depois de ter preparado e posto a secar o bombó à beira da EN120.
Eu, o mano Gonçalves, o Nelo e Páscoa fomos colher canas. A caminho da "kitaka" [horta] vi duas árvores que, na minha terra, atraem borboletas que nelas nidificam, surgindo, depois, os "mabuka" ou "katatu": uma é "munzaza" e outra, de folhas alargadas e em formato de coração dobrado em duas lâminas, é "ndolo".
Veio-me à mente outra canção do "xilimina" dos anos noventa:
"Moça mu kyaña ndolo, moça mu kyaña ndolo, mu kyaña ndolo we sosó lyamutema bwengi" [a moça, de tanto colher e usar lenha de ndolo, a fagulha atingiu-lhe a zona nevrálgica"]. Na verdade, a palavra, aqui convertida em "nevrálgica" é um impropério. Só os jovens embriagados de kapuka ou lyambados cantavam essa versão ao lado de adultos. O dislate era sempre substituído por um termo não agressivo.
Naquele tempo das rusgas e raptos [rusgas de jovens abrangidos ou não para o serviço militar obrigatório e raptos da Unita], o que se cantava era a saudade dos que tinham partido e que deles não se tinha notícias e a reinvenção das vidas para enfrentar os dias duros de futuro imprevisível. E assim, enquanto se metaforizava nas canções como "sambwa li sambwa obuji yatena moye" [entre duas elevações/lados o obus atingiu uma palmeira], também se cantava a saudade dos que tinham sido levados pela sorte madrasta e dizia-se "Kisasa kumbi otoka, bukanga twazeketu" [Quando Kisasa regressar vamos pernoitar fora de casa, a conversar, cantar e contar coisas nossas].
As letras eram curtas e repetitivas, mas com sentido e alcance muito longos.
"Bwahila Toy inyungu ibiloka!" [Onde morreu o Toy os abutres estão às voltas para debicar os seus restos].
Debois de kitotas, a presença de abutres em algum lugar era indicador da existência, por perto, de um cadáver (humano ou de outro animal qualquer).
Os inválidos, os envergonhados, os tímidos e toda a sociedade, individual ou colectivamente, também eram "personagens" das letras das canções que, muitas vezes, mudavam apenas a estória, mantendo a melodia e o tilintar do tambor e do bujão. "Nange, nange, Xoxombo wombela, wombela, Xoxombo nange, nange katé okyo wombela" [De tanta solidão, causada pela timidez em desfiar o rosário a uma jovem, Xoxombo teve de recorrer ao estupro].
Assim era o cancioneiro popular com história e estórias fundadas no longo percurso da sociedade e nos anseios transformadores do amanhã.
sexta-feira, abril 25, 2025
"A FALTA DE MOTIVAÇÃO E O IMPACTO NOS COLABORADORES" AOS OLHOS DE LÍZIA HENRIQUE
Boa tarde a todos,
Hoje, temos a honra de contar com a presença do seu autor, Soberano Kanyanga, uma figura que se destaca pela sua sensibilidade, dedicação à escrita e pela forma como consegue transformar palavras em emoções vivas.
Luciano Canhanga |Soberano Kanyanga| tem vindo a construir um percurso notável, seja através da sua escrita
envolvente, bem como da sua capacidade de observação da realidade.
Este, sempre esteve ligado
ao jornalismo e comunicação institucional, mas foi nas vestes de Director de
Recursos Humanos que se viu digamos, "forçado” a imergir nos desafios que
encontrou no então Ministério de Geologia e Minas, quando convidado a dirigir o
GRH, após colaboração em uma empresa extractiva (a Sociedade Mineira de Catoca)
Eventualmente, você
pergunte: Que desafios encontrou?
Meus senhores e minhas Senhoras estes desafios
encontram-se no livro!
O livro em destaque,
aborda um tema crucial para o desempenho organizacional, especialmente no
contexto do funcionalismo público angolano.
Este livro representa não apenas uma contribuição valiosa para o campo de Recursos Humanos, mas também um testemunho do rigor, da dedicação e da paixão que o autor deposita no seu trabalho. Ao longo das suas páginas, somos guiados por uma análise profunda, sustentada em investigação atualizada, metodologias sólidas e um espírito crítico exemplar.
A pesquisa realizada revela,
que a falta de motivação é um dos principais factores que impactam
negativamente o desempenho dos colaboradores, sendo um desafio significativo
para a gestão de actividades no setor público.
Na referida pesquisa o
autor utilizou métodos quantitativos e qualitativos, incluindo questionários
aplicados a setenta funcionários, a fim de explorar as causas e consequências
da desmotivação no então Ministério de Geologia e Minas.
O estudo, realizado no
Ministério de Geologia e Minas, identifica que a ausência de políticas e acções
voltadas à motivação, como o reconhecimento, a remuneração adequada e
incentivos como o seguro de saúde e a formação, contribui para a desmotivação
dos funcionários, cujos resultados negativos para a organização todos os
gestores conhecem.
Entre as conclusões,
destaca-se o facto de a motivação estar diretamente ligada à recompensa e ao
estilo de liderança, e que as variáveis sociodemográficas influenciam os
resultados. É ainda sugerido, que as lideranças devem repensar as suas práticas
para melhorar o ambiente organizacional e a valorização dos colaboradores.
Para além do rico conteúdo, que é uma nítida fotografia dos desafios com que se debatem muitas das instituições públicas, para não dizer todas, o autor procurou, igualmente, preservar a história de um colectivo de colaboradores que cada um ao seu nível, procuraram prestar um serviço público digno e humanizado.
Hoje, infelizmente, não podemos dizer à nova
geração que no Largo António Jacinto (conhecido como largo dos Ministérios)
existiu um edifício que atendeu os Serviços de Geologia e Minas e,
posteriormente, o Ministério de Geologia e Minas, pois este edifício (mostrar a
contracapa) já não existe.
Termino com um sincero
agradecimento a Luciano Canhanga, não só pela obra que hoje nos apresenta, mas
também pelo contributo inestimável que tem dado ao desenvolvimento do
conhecimento.
Convido agora o autor a
partilhar connosco um pouco do seu processo criativo, das motivações por detrás
deste livro e, claro, do que podemos esperar ao mergulhar nesta leitura.
Muito obrigado a todos pela
presença.
Lízia Henrique
Em Luanda, aos 24 de Abril
de 2025.
segunda-feira, março 03, 2025
MASSANGANO CHAMA-TE!
terça-feira, fevereiro 11, 2025
O (H)EBO E A HISTÓRIA POR DESVENDAR
O (H)Ebo tem nome inscrito na luta e resistência das nossas FAPLA contra as incursões das forças armadas do regime segregacionista sul-africano, mancomunado com a Unita, que pretendiam impedir a independência de Angola a 11 de novembro de 1975.
quarta-feira, janeiro 01, 2025
ALDEIA DE PEDRA ESCRITA: NÓTULAS
Até 1984 inexistia a aldeia de Pedra Escrita. Vamos à origem do topónimo. O penedo acomodava uma frase publicitária da Estalagem Boa Viagem, pertença da família Olímpio, também conhecida por "Bar do Olímpio", no Lus(s)us(s)o, e foi apelidado pelos populares locais e outros que por lá foram passando como "a pedra escrita".