O meu dia foi (24.08.24) marcado por entrevistas exploratórias a jovens e adultos da vila e cercanias de Kibala.
As respostas foram nulas. Nem sobre os hotéis que foram apagados da toponímia, nem do lendário Comandante que muitos admiram até hoje.
As instalações que as fotos documentam eram de um hotel que, nas décadas de 40 e 50, era considerado "um dos melhores do Império Português".
O seu proprietário era o patrono da família Cunha, por sinal, avô de José Carlos Cunha "Oca". Há uns dois anos, visitei o Senhor "Oca" na sua fazenda em Kambaw, Kis(s)ongo, Lubolu, e falou-me sobre o hotel que seu avô, de origem portuguesa, erguera na Kibala.
Sendo eu "vasculhador e amante de estórias", meti-me no terreno para saber dos moradores com que fui cruzando, incluindo os actuais ocupantes dos escombros do que foi o Hotel Cunha, "o que foram as instalações e que serventia deram à vila?"
Dentre os jovens indagados, ninguém sabia onde ficava o Hotel Cunha, nem do Hotel Império. Uns apenas se lembram das instalações da ETIM¹, também gravemente atingidas em 1984 e em outros ataques subsequentes.
Não há registos na blogosfera e os livros que façam referência aos imóveis supra-mencionados devem ser raros.
Segundo Ana Viana Dos Santos, natural da Kibala, diz que "o Hotel Cunha e o Hotel Império (este último ficava onde estão hoje as antes de telecomunicações) foram destruídos em 1984, 12 de Junho, quando se deu o 1° ataque da Unita à Kibala".
É importante que a história não se apague por completo. Procurei pelo Presidente da ANAKIBALA, Francisco Santos, para conformar as informações prévias.
_ Aqui era o Hotel Cunha, o maior que havia na Kibala. Mais a baixo, onde se acham as antenas, estava o Hotel Império e do outro lado a ETIM.
Francisco Santos levou-me à casa do irmão do Comandante Kandimba e à do "homem de confiança que recuperou a pasta dele, depois de ter tombado em combate". O Pastor Santos, como também é conhecido, levou-me, inclusive, ao que sobra do "tanque de guerra" em que o comandante tombou heroicamente a 13 de Fevereiro de 1993. Ainda perguntei aos jovens das cercanias, se conheciam ou tinham ouvido falar sobre o Comandante Kandimba. O único Kandimba que conhecem é o restaurante que fica na Alameda (rua principal), num edifício estropiado, cujos donos homenagearam o comandante, mas são oriundos do Moxico. Assim vai a nossa história!
Quanto ao futuro do que resta dos escombros do antigo Hotel Cunha, José Carlos Cunha "Oca", diz que "de momento, faltam forças para investir nele". Vi que algumas famílias encontraram nele abrigo, sem que saibam de quem foi, o que foram aquelas minúsculas sobras de um grande edifício, com lojas e armazéns na parte baixa e suites na parte superior, nem quem são os seus herdeiros.
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1- Empresa de Transportes Intermunicipais.