Nota Prévia:
Metajornalismo: é a tendência do jornalismo que visa analisar o desempenho, de forma crítica, da media, apontando o que, no interesse do público, seria de destacar/realçar como também as proprias valências /carências dos jornalistas.
Portanto, estes "apanhados" não visam apontar o dedo a este ou àquele jornalista, a este ou àquele media concreto. É somente a ideia geral do que se passa no interior de Angola, alí onde há vontade, cumpre-se com o mínimo, mas faltam ferramentas técnicas que propiciariam um desempenho ainda melhor. Pretende o autor desta prosa, com essa sua visão crítica, despertar os jornalistas e responsáveis dos Órgãos de Comunicação Social para a necessidade de uma formação e auto-superação constantes.
1- Ausência de Profundidade e ousadia no trabalho jornalístico
É uma das pragas que assolam pela negativa o nosso jornalismo. Embora se defina o jornalismo como “Literatura com pressa”, esta actividade não deve ser exercida de forma tão apressada ao ponto de matar os acontecimentos.
Depois de um facto, os destinatários da informação querem sempre saber o
que vem depois. É como num jogo; onde depois da finta o espectador quer saber
qual será o passo seguinte. Os jornalistas têm ignorado este aspecto, não nos dando o antes e o depois.
Segundo a teoria social, é a enumeração de factos que faz os fenómenos.
No jornalismo, é o seguimento detalhado de um assunto que faz Um Caso
ou uma grande reportagem. Daí que uma boa reportagem deve ter sequência e profundidade.
O imediatismo ou o laxismo mutila o exercício do jornalismo sério,
responsável e comprometido com a sociedade que reclama, cada vez mais, por um
jornalismo virado ao cidadão. Por outro lado, é preciso que o jornalista tenha
a ousadia de ir buscar outros elementos para além do óbvio. A isso se chama
jornalismo de profundidade ou de investigação. É preciso seguir todos os
desenvolvimentos e conexões possíveis de um caso e chegar ao fim da estória.

Salvo contáveis excepções, o texto não passa de um punhado de adjectivos e adjectivos. São frases desencontradas, incoerentes, redundantes, confusas/sentido. Apenas agradáveis ao ouvido (na forma de discurso oral) mas sem conteúdo que se retenha. É como “comprar sem nada levar para casa”.
Uma boa
notícia não reside na maneira como o facto é protagonizado ou na natureza dos seus
protagonistas. A "boa notícia" reside na boa recolha, cruzamento e tratamento da
informação. Os jornalistas limitam-se a anunciar o óbvio. Limitam-se a ligar o
microfone e reproduzir “ipis verbis”
o discurso da fonte primária, esquecendo-se que o assunto pode ser vivificado
com outros elementos. Numa reportagem, por exemplo, sobre a inauguração de uma
escola, o jornalista esquece-se de fazer o antes da escola, a inauguração e a
pós-inauguração. Esquece-se de ler e interpretar o mundo que circunda o
acontecimento, o que acaba por limitar a informação veiculada. Numa reclamação
de trabalhadores sobre salários, os jornalistas limitam-se a ouvir os
queixosos, não dando voz ao empregador visado nem as entidades reguladora e
sindical. Outros limitam-se por exemplo a recolher os custos da escola e nunca os beneficios/beneficiários...
5- Exercício da profissão e necessidade de formação
Os níveis de conhecimento, quer técnico quer geral são deficientes. Não há escolas especializadas no interior , nem frequência constante de cursos de superação. Não existem “cafés de ideias” nem outros instrumentos informais que permitam a troca e/ou passagem de experiências entre os jornalistas. As valências internas (os santos de casa) nunca são exploradas.
Os níveis de conhecimento, quer técnico quer geral são deficientes. Não há escolas especializadas no interior , nem frequência constante de cursos de superação. Não existem “cafés de ideias” nem outros instrumentos informais que permitam a troca e/ou passagem de experiências entre os jornalistas. As valências internas (os santos de casa) nunca são exploradas.
Os jornalistas de
referências da praça são “tarimbeiros” que aprenderam a exercitar o ofício (na
oficina) vendo os seus mestres a fazer. Poucos possuem fundamentos teóricos e pouquíssimos ainda exercitam “estudos de casos”, como acontece nas universidades e escolas
especializadas. Embora alguns se afirmem como os grandes “papões” muitos estão
desprovidos de conhecimentos adequados e sólidos sobre o jornalismo moderno, quando comparados com a "praça luandense". Torna-se necessária uma formação contínua dos escribas para melhorar o desempenho
técnico-profissional dos jornalistas.