
Essa reflexão e busca da história surge a propósito da morte física do REI EKUKUI IV do Mbalundu, a 14 de Janeiro de 2012, tendo sido levantadas questões como:
- Anúncio da morte do rei- Questão protocolar, uma vez que o mesmo era deputado a Assembleia Nacional
- Cumprimento dos ritos tradicionais, etc.
Sobre a primeira questão (anúncio da morte), tudo quanto é tradição e debatido no facebook entre os leitores do Soberano Canhanga e do Nguvulo Makatuka, ficou esclarecido que em condições normais a morte dum rei só é anunciada após a separação natural do crânio do resto do esqueleto.
“O corpo do rei finado é pendurado a uma árvore tradicional e pela acção da gravidade a cabeça separa-se do resto do esqueleto/corpo. A cabeça é depois depositada no sarcófago real (Ekokoto) e o corpo é finalmente sepultado em local que pode ser o cemitério público para que possa ser visitado.
A tradição diz ainda que se tal rito não for observado, várias pragas podem assolar o reino.
Quanto à questão protocolar, a morte do rei Augusto Kaciopololo do Mbalundu colocou-nos um novo problema, nunca antes observado. Na sua qualidade de Deputado, o finado teve direito a honras protocolares de Estado que colidiram com a tradição. A sua morte foi prematuramente anunciada já que a tradição diz que enquanto a cabeça não estiver separada do resto do corpo o rei deve ser considerado para os seus súbditos apenas doente.
Nguvulo Makatuka escreve na sua página do facebook que “
través dessa prática que se contabilizam os soberanos que já passaram pelo trono, bastando contar o número de crânios expostos numa fenda ou floresta (secreta) frequentada apenas por restritos membros da corte.
A tradição também reza que o rei não deve “ir sozinho”. O cadáver do finado rei deve ser sepultado com outros que o acompanham, geralmente uma ou duas "pessoas".
Sobre a questão o já citado Nguvulo Makatuca (António Kassoma de nome próprio) diz no seu escrito que “
Há ainda quem afirme, (faltou comprovar) que para além desse último rito há ainda outro que atesta que em situação de enfermidade irreversível, os notáveis da corte dão fim à vida do rei no último momento, quando se nota que a partida é eminente. Desta forma "leva-se o rei" em vez de ir sozinho.
São questões e práticas discutíveis por um lado, tendo em conta a ocidentalização da cultura universal, mas também de respeitar, tendo em conta as nossas origens.
Nota: o autor deste blog é neto do Rei Ñana Ñunji (Pilar), do potentado de Kuteka, no Libolo.