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quarta-feira, outubro 01, 2014

KYA NGI BONZO

HOMENAGEM A NETO
"kya ngi bonzo" é uma expressão ambundu que significa aborrecível, cansativo, chato… é o que sinto ao ver uma media, abram-se alas à audiovisual, mais virada ao entretenimento do que à formação. Não escreverei neste texto sobre a forma questionável e, às vezes,  parcial, maculando a qualidade das notícias de que tenho sido brindado ao proceder o zapping/sintonização das Tv´s e rádios públicas.
Reporto-me simplesmente à forma parcial, amadora e desrespeitosa como é tratado na nossa media aquele que se convencionou/reconheceu como o Herói nacional.
Não sou adepto de celebrações do tipo da Coreano do Norte. Não peço que Agostinho Neto seja presença diária e obrigatória na media publica e privada, pois nem sempre haverá factos. Mas podem ser feitas rubricas que permitam os jovens e crianças conhecê-lo um pouco mais.
O que me aborrece é ver os dias do ano repartidos em onze meses e vinte e três dias para o Executivo e seus titulares, nos mais diversos graus hierárquicos e regiões, sobrando míseros sete dias de Setembro para se lembrarem de uma figura que já “dorme como pedra lançada ao poço”. Se “a pedra” foi lá parar por obra da natureza humana, não deixemos, pelo menos, que o lago do nosso conhecimento se seque, pois o mesmo Neto da nossa Independência também nos recomendou “a criar, criar amor, com os olhos secos”.
Não vejo em Agostinho Neto um ser que amedronte, que faça concorrência aos vivos, nem aos seus negócios políticos e económicos ou afins.
Lembremo-nos dele nem que seja pelo facto de ter hasteado a bandeira que carregamos orgulhosamente ao peito e nos ter ensinado a cantar um Novo Hino.
Lembremo-nos dele, nem que seja para contar a sua trajectória académica e missionária (filho de professora primária e de pastor Metodista) ou política, pelas cadeias que enfrentou devido à sua relutância em se opor à colonização, quando os seus proventos bem podiam dar-lhe uma vida folgada num território colonizado.
Falar sobre Agostinho Neto, mesmo que uma vez por semana, não seria um favor a ele e a pessoas saudosas como eu. Não peço a deificação dum homem mortal, embora declarado “Guia Imortal”. Entristece-me notar que crianças angolanas que frequentam o ensino primário português conhecem D. Afonso Henriques e as nossas do Ensino Médio, muitas pouco ou nada sabem sobre o Fundador da Nação. Não estará a faltar mais conteúdos nos programas escolares, radiofónicos, televisivos e nas conversas entre pais e filhos?
Que saudade sinto de ouvir Tabonta, os irmãos Kafala e outros “músicos da revolução” evocando e chorando neto nas suas criações artísticas. Que saudades das brigadas jovens de literatura com o “njila ya muxitu”de John Bella!
Para terminar essas súplicas vou me contentar com o “bombas que partem casas não metem medo ao povo unido” de Mwana-a-Kitoko e voltar aos prantos quando tivermos Neto não à dimensão poluidora do antigamente hodierno, mas à dimensão que merece.
 
É tanto esquecimento que me aborrece!

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