Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, novembro 12, 2012

O Jornalismo dos tempos "doutra senhora" e a exigência da ciência

"O caso angolano"
“Só há dois géneros de jornalistas: os maus e os que estão a melhorar” (Bob Baker, pedagogo e editor do Los Angeles Times)
Jornalismo e propaganda não são sinónimos e nem significam a mesma coisa como muito se apregoa, à porta pequena, a contar com as acções de alguns medias e alguns “jornalistas”.
Jornalismo é ciência e arte de:  procurar e divulgar notícias e informação de interesse público através dos media convencionais (Rádio, Televisão, Jornais) e digitais. O jornalista é, por excelência, o profissional da notícia, devendo ser possuidor de senso crítico, domínio da língua, técnicas de redacção, etc.
 A Propaganda é definida como a propagação de princípios e teorias. Foi introduzida pelo Papa Clemente VII, em 1597, quando fundou a Congregação de Propaganda, com o fito de propagar a fé católica pelo mundo. Deriva do latim propagare, que significa reproduzir por meio de mergulhia, ou seja, enterrar o rebento de uma planta no solo. Propagare, deriva de pangere, que quer dizer: propagação de doutrinas religiosas ou princípios políticos de algum partido. Propaganda é Comunicação persuasiva, Conjunto de actividades que visam influenciar o homem com objectivo religioso ou político.

Harold D. Lasswell não entende propaganda como uma simples difusão de idéias e doutrinas. Para ele, a propaganda baseia-se nos símbolos para chegar a seu fim: a manipulação das atitudes colectivas. Assim, o uso de representações para produzir reacções colectivas pressupõe uma acção de propaganda. Em resumo, podemos definir a propaganda como: o conjunto de técnicas e actividades de informação e persuasão destinadas a influenciar, num determinado sentido, as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público receptor.
Era o que se passava nos tempos do monopartidarismo e da guerra civil em que as matérias jornalísticas eram meticulosamente tratadas no DIP e encaminhadas aos MDM para a sua difusão, visando, entre outros: elevar a moral da tropa governamental, elevar sobrevalorizar os feitos do governo e endeusar os governantes e, por outro lado, “diabolizar” a insurreição armada (os fantoches, caudilhos, megalómanos e outros epítetos).
 
Vale lembrar que muitos informadores/propagandistas daquele e deste tempo nem sequer sabiam o que significam muitas das palavras que usavam nos seus discursos (orais e textuais). A guisa de exemplo, perguntei a uma turma do 1ª ano de licenciatura o que significavam termos como: fantoche, megalómano, proletário, chauvinismo, maquiavelismo e outros chavões da nossa media, e simplesmente disseram que desconheciam, embora lhes fossem familiares pela media. Inclusive os jornalistas daquela turma, embora admitissem o uso dos referidos termos por força do hábito, mas não sabiam o que significavam.


Esta abordagem surge a propósito da excessiva adjectivação que vou notando nos textos noticiosos, aqueles cujo conteúdo não é da lavra do autor mas que se reportam a narração de um acontecimento noticioso. Aqui, o jornalista +e chamado a dizer apenas que é, aquilo que é, e não é, aquilo que não é. Ou seja, a verdade segundo o conceito filosófico.
- Dizer, por exemplo que “O edificio é majestoso” (subjectivo) nos leva à ideia de estabelecer um paralelismo. Majestoso em relação a quê?
- “Um grandisoso evento”: nos leva a descrever os elementos que o tornam grandisoso e não nos acomodar apenas na beleza do adjectivo, como muitos ainda fazem.
O grau de adjectivação que o jornalismo noticioso pede é o grau normal. Os comparativos exigem o elemento de referencia e os superlativos são dispensados.
É importante que os jornalistas (sejam eles de facto ou emprestados ao jornalismo) saibam diferenciar a acção de informar com isenção das suas convições políticas, religiosas ou comerciais, pois a promiscuidade entre o jornalismo e a publicidade (entenda-se publicitação comercial de um serviço ou produto) também macula a arte de informar com verdade, buscando a máxima objectividade possível.
Segundo o Manual de Jornalismo de Anabela Gradin, os advérbios e adjectivos, são dispensáveis na notícia, porque este género habitualmente não se alonga em descrições. “Devido às características da linguagem jornalística, os adjectivos devem ser utilizados com extrema parcimónia e, nas notícias, quase sempre podem ser suprimidos sem prejuízo de maior”. A autora prossegue que é também necessário “vigiar o emprego de palavras com carga ideológica, política ou étnica que possam indiciar juízos de valor em relação aos acontecimentos”. Expressões como o, o ambulante branco, o retornado, encerram uma carga conotativa.
A essência do trabalho do jornalista
A actividade primária do Jornalismo é a observação e descrição de eventos, conhecida como reportagem e a descrição se baseia em dar resposta aos elementos abaixo descritos:
"O quê?" - O facto ocorrido.
"Quem?" - O personagem envolvido.
"Quando?" - O momento do facto.
"Onde?" - O local do facto.
"Como?" - O modo como o facto ocorreu.
"Por quê?" - A causa do facto.
Por isso se diz que a essência do Jornalismo é a selecção e organização das informações no produto final (áudio-visual, digital ou impresso).
O trabalho jornalístico é normalmente dividido em quatro etapas distintas, cada qual com suas funções e particularidades: pauta, apuração, redacção e edição.
A pauta é a selecção dos assuntos que serão abordados. É a etapa de escolha sobre quais indícios ou sugestões devem ser considerados para a publicação final.

A apuração é o processo de averiguar informação em estado bruto (dados, nomes, números etc.). A apuração é feita com documentos e pessoas que fornecem informações, chamadas de fontes. A interacção de jornalistas com suas fontes envolve frequentemente questões de confidencialidade.
A redacção é o tratamento das informações apuradas em forma de texto verbal. Pode resultar num texto para ser impresso (em jornais, revistas e sites) ou lido em voz alta (no rádio, na TV e no cinema).
A edição é a finalização do material redigido em produto de comunicação, hierarquizando e coordenando o conteúdo de informações na forma final em que será apresentado. No jornalismo impresso (jornais e revistas), a edição consiste em revisar e cortar textos de acordo com o espaço de impressão pré-definido. No radiojornalismo, editar significa cortar e justapor trechos sonoros junto a textos de locução, o que no telejornalismo ganha o adicional da edição de imagens em movimento.
Gradin diz ainda, no seu “Manual de Jornalismo”, que a língua é para o jornalista o que a enxada é para o agricultor — um instrumento de trabalho — e precisa dominá-la perfeitamente. Aperfeiçoar ao longo do tempo a ortografia, a gramática, e a pontuação empregues com correcção, são imprescindíveis ao trabalho jornalístico. Por outro lado, o jornalista deve utilizar um vocabulário rico; preciso, mas não rebuscado; e escrever com ritmo, imaginação e originalidade. A simplicidade, embora a mais trabalhosa de atingir, deve ser uma meta do jornalista que queira ser percebido.
 
Suporte bibliográfico
GRADIM, Anabela: Manual de Jornalismo, UBI, 2000.
www.wikipedia.org,  01.11.2012
 

Sem comentários: