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terça-feira, dezembro 25, 2012

DISCUTIÇÃO OU DISCURÇÃO?

A Márcia não pára de colocar dúvidas. Na última comunicação que efectuou ela perguntava:

Qual das frases está correcta?
1- A Maira teve uma discutiçâo com a Filipa.
2- A Joana teve uma discurçâo com a Maria.

Márcia,
Agora que tens tudo para ser jornalista, espero que venhas a me superar, tens de aprender a falar e a escrever correctamente. A oportunidade que te estou a dar é cara e derradeira. Dei-te um livro (Ensaboado e Enxaguado) que espero estejas a ler para "endireitar a boca".

Aproveita tirar todas as dúvidas que tiveres. Os meus dias, como os de qualquer humano mortal, estão contados.

Vamos às questões:
 Discutição não existe em "bom português".
Discursão também não existe.
O verbo é discutir. A acção de discutir é discussão.
Logo, a frase correcta seria: A Maira teve uma discussão com a Filipa.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

O SIGNIFICADO HISTÓRICO-DIPLOMÁTICO DAS "FAQUINHAS" NA CARA OU KIRIMBU

ÙSUMIKA é o acto de aplicar ligeiros golpes na pele, com o fito de extrair sangue, podendo ser usada ventosa ou não.

Os traços no rosto, comummente conhecidos como “faquinhas”, frequentes entre povos de Malanje e Kwanza-Sul, em Angola, têm uma explicação histórica.
 
Eles foram sendo usados pelos povos Ngola ao longo da história, por motivos diversos e até de forma profusa. Dados obtidos da oralidade destes povos (pesquisa no terreno no Libolo, Kibala e Kangandala) e registos escritos apontam que a aplicação de “faquinhas na cara” (tracejados horizontais e ou verticais no rosto) tinha uma dupla função nos tempos dos Reis Ngola:
 - Uma era mitológica, ligada à questões de saúde: pensava-se que o sangue mau (de baixa qualidade) era a causa de muitas doenças e devia ser extraído. Essa evocação se prolongou até bem há poucos anos, sendo ainda visíveis crianças oriundas das regiões supra com estes sinais nos rostos. Porém, a extensão dos serviços de saúde às áreas mais recônditas diminuiu grandemente este tipo de pensamento mitológico que mais do que curar, levou à morte muitas crianças que se viram anémicas devido à extracção sanguínea.
 
- A outra razão da aplicação das faquinhas no rosto de Malanjinhos e Kwanza-Sulinos de locução ambundu tem a ver com o “kirimbu” marca/sinal com que o soberano identificava os seus emissários. Não havendo no passado comunicações escritas e nem telefónicas, era preciso autenticar os emissários para qiue fossem reconhecidos e valorizada a mensagem de que eram portadores. Assim, o rei Ngola começa por colocar o “kirimbu” no rosto dos emissários a outros Estados. Sendo sinal único do Rei Ngola, apenas estes embaixadores/emissários eram credenciados nos  Estados de destino.
 
O procedimento dos reis Ngola foi anterior ao tráfico negreiro (iníciado no Sec. XV) e que o adoptou para estampar as "peças africanas" que estavam realmente pagas antes de embarcarem para a América.  
 
A palavra portuguesa carimbo, adoptada pelos portugueses, que muito se relacionaram com os reis Ngola, provêm do kimbundu “Kirimbu” que equivale a “stamp” (selo) em inglês.
=

PS: solicitada a comentar o texto, recebemos da parte da Dra. Judith Luacute o seguinte comentário:
"Quanto ao texto​ devo dizer​ que as "faquinhas" que se faziam no rosto​ das pessoas,​ por questões tradicionais, podem provocar​ os seguintes​ danos às pessoas:
- Infecções, por falta de observação​ dos cuidados (assepsia) do material​ com que​ se fazem as incisões.
- Incisões feitas com uma profundidade que pode atingir os vasos sanguíneos​ e, assim, provocar​ sangramento que podem ser de tal intensidade, levando o indivíduo à morte​ por choque​ hipovolémico (baixa quantidade​ de sangue​ no organismo)
-Transtornos​ psicológicos​ aos portadores​ das​ cicatrizes​ por baixa autoestima, quando inserido num meio onde essa prática​ é​ desconhecida.​
Conclusão
Com todo o respeito que tenho pelas tradições,​ esta​ é​ uma prática​ ​ ​ que deve(ria) ser desincentiva".
=
Fontes escritas:
1- http://pt.wikipedia.org/wiki/Carimbo#Hist.C3.B3rico (24.11.2012)
2- Revista Austral: TAAG, 2011,


Fontes escritas:1-  http://pt.wikipedia.org/wiki/Carimbo#Hist.C3.B3rico (24.11.2012)
2- Revista Austral: TAAG, 2011,

domingo, dezembro 02, 2012

Qual diferença há entre Dispensa e Despensa?

Leia e analise com atenção a frase: “O Manuel foi dispensado da aula e ao passar pela padaria comprou dois pães que guardou na despensa”.

Notamos que:
1-    Dispensa = desobrigação; licença; do verbo dispensar.
O Manuel conseguiu dispensa do exame da cadeira de língua portuguesa, pois teve 14 valores.



2- Despensa = local para guardar mantimentos
A despensa da casa da Ana é maior do que a da sua amiga Isabel que, apesar de pequena, está cheia de coisas valiosas.

quarta-feira, novembro 28, 2012

BASCULHAR OU VASCULHAR?


“Você gostas muito de basculhar nas minhas fotos”, reclamou, no fb, uma amiga virtual ao cibernauta que comentou numa de suas fotos públicas.

Vejamos:
 

- “Você gostas”
“Você
” é terceira pessoa e “gostas” é segunda pessoa. Não há concordância verbal.
  O correcto seria: "você gosta".
 

- “Basculhar nas minhas fotos”.
"Basculhar" não existe em “bom português”.
Diz-se vasculhar que é sinónimo de espanar, mexer, varrer...

Vasculhar é Verbo transitivo regular que significa: varrer com vasculho; pesquisar minuciosamente; esquadrinhar.

O correcto seria dizer/escrever: “Você gosta de vasculhar as minhas fotos ou tu gostas de vasculhar…”

segunda-feira, novembro 12, 2012

O Jornalismo dos tempos "doutra senhora" e a exigência da ciência

"O caso angolano"
“Só há dois géneros de jornalistas: os maus e os que estão a melhorar” (Bob Baker, pedagogo e editor do Los Angeles Times)
Jornalismo e propaganda não são sinónimos e nem significam a mesma coisa como muito se apregoa, à porta pequena, a contar com as acções de alguns medias e alguns “jornalistas”.
Jornalismo é ciência e arte de:  procurar e divulgar notícias e informação de interesse público através dos media convencionais (Rádio, Televisão, Jornais) e digitais. O jornalista é, por excelência, o profissional da notícia, devendo ser possuidor de senso crítico, domínio da língua, técnicas de redacção, etc.
 A Propaganda é definida como a propagação de princípios e teorias. Foi introduzida pelo Papa Clemente VII, em 1597, quando fundou a Congregação de Propaganda, com o fito de propagar a fé católica pelo mundo. Deriva do latim propagare, que significa reproduzir por meio de mergulhia, ou seja, enterrar o rebento de uma planta no solo. Propagare, deriva de pangere, que quer dizer: propagação de doutrinas religiosas ou princípios políticos de algum partido. Propaganda é Comunicação persuasiva, Conjunto de actividades que visam influenciar o homem com objectivo religioso ou político.

Harold D. Lasswell não entende propaganda como uma simples difusão de idéias e doutrinas. Para ele, a propaganda baseia-se nos símbolos para chegar a seu fim: a manipulação das atitudes colectivas. Assim, o uso de representações para produzir reacções colectivas pressupõe uma acção de propaganda. Em resumo, podemos definir a propaganda como: o conjunto de técnicas e actividades de informação e persuasão destinadas a influenciar, num determinado sentido, as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público receptor.
Era o que se passava nos tempos do monopartidarismo e da guerra civil em que as matérias jornalísticas eram meticulosamente tratadas no DIP e encaminhadas aos MDM para a sua difusão, visando, entre outros: elevar a moral da tropa governamental, elevar sobrevalorizar os feitos do governo e endeusar os governantes e, por outro lado, “diabolizar” a insurreição armada (os fantoches, caudilhos, megalómanos e outros epítetos).
 
Vale lembrar que muitos informadores/propagandistas daquele e deste tempo nem sequer sabiam o que significam muitas das palavras que usavam nos seus discursos (orais e textuais). A guisa de exemplo, perguntei a uma turma do 1ª ano de licenciatura o que significavam termos como: fantoche, megalómano, proletário, chauvinismo, maquiavelismo e outros chavões da nossa media, e simplesmente disseram que desconheciam, embora lhes fossem familiares pela media. Inclusive os jornalistas daquela turma, embora admitissem o uso dos referidos termos por força do hábito, mas não sabiam o que significavam.


Esta abordagem surge a propósito da excessiva adjectivação que vou notando nos textos noticiosos, aqueles cujo conteúdo não é da lavra do autor mas que se reportam a narração de um acontecimento noticioso. Aqui, o jornalista +e chamado a dizer apenas que é, aquilo que é, e não é, aquilo que não é. Ou seja, a verdade segundo o conceito filosófico.
- Dizer, por exemplo que “O edificio é majestoso” (subjectivo) nos leva à ideia de estabelecer um paralelismo. Majestoso em relação a quê?
- “Um grandisoso evento”: nos leva a descrever os elementos que o tornam grandisoso e não nos acomodar apenas na beleza do adjectivo, como muitos ainda fazem.
O grau de adjectivação que o jornalismo noticioso pede é o grau normal. Os comparativos exigem o elemento de referencia e os superlativos são dispensados.
É importante que os jornalistas (sejam eles de facto ou emprestados ao jornalismo) saibam diferenciar a acção de informar com isenção das suas convições políticas, religiosas ou comerciais, pois a promiscuidade entre o jornalismo e a publicidade (entenda-se publicitação comercial de um serviço ou produto) também macula a arte de informar com verdade, buscando a máxima objectividade possível.
Segundo o Manual de Jornalismo de Anabela Gradin, os advérbios e adjectivos, são dispensáveis na notícia, porque este género habitualmente não se alonga em descrições. “Devido às características da linguagem jornalística, os adjectivos devem ser utilizados com extrema parcimónia e, nas notícias, quase sempre podem ser suprimidos sem prejuízo de maior”. A autora prossegue que é também necessário “vigiar o emprego de palavras com carga ideológica, política ou étnica que possam indiciar juízos de valor em relação aos acontecimentos”. Expressões como o, o ambulante branco, o retornado, encerram uma carga conotativa.
A essência do trabalho do jornalista
A actividade primária do Jornalismo é a observação e descrição de eventos, conhecida como reportagem e a descrição se baseia em dar resposta aos elementos abaixo descritos:
"O quê?" - O facto ocorrido.
"Quem?" - O personagem envolvido.
"Quando?" - O momento do facto.
"Onde?" - O local do facto.
"Como?" - O modo como o facto ocorreu.
"Por quê?" - A causa do facto.
Por isso se diz que a essência do Jornalismo é a selecção e organização das informações no produto final (áudio-visual, digital ou impresso).
O trabalho jornalístico é normalmente dividido em quatro etapas distintas, cada qual com suas funções e particularidades: pauta, apuração, redacção e edição.
A pauta é a selecção dos assuntos que serão abordados. É a etapa de escolha sobre quais indícios ou sugestões devem ser considerados para a publicação final.

A apuração é o processo de averiguar informação em estado bruto (dados, nomes, números etc.). A apuração é feita com documentos e pessoas que fornecem informações, chamadas de fontes. A interacção de jornalistas com suas fontes envolve frequentemente questões de confidencialidade.
A redacção é o tratamento das informações apuradas em forma de texto verbal. Pode resultar num texto para ser impresso (em jornais, revistas e sites) ou lido em voz alta (no rádio, na TV e no cinema).
A edição é a finalização do material redigido em produto de comunicação, hierarquizando e coordenando o conteúdo de informações na forma final em que será apresentado. No jornalismo impresso (jornais e revistas), a edição consiste em revisar e cortar textos de acordo com o espaço de impressão pré-definido. No radiojornalismo, editar significa cortar e justapor trechos sonoros junto a textos de locução, o que no telejornalismo ganha o adicional da edição de imagens em movimento.
Gradin diz ainda, no seu “Manual de Jornalismo”, que a língua é para o jornalista o que a enxada é para o agricultor — um instrumento de trabalho — e precisa dominá-la perfeitamente. Aperfeiçoar ao longo do tempo a ortografia, a gramática, e a pontuação empregues com correcção, são imprescindíveis ao trabalho jornalístico. Por outro lado, o jornalista deve utilizar um vocabulário rico; preciso, mas não rebuscado; e escrever com ritmo, imaginação e originalidade. A simplicidade, embora a mais trabalhosa de atingir, deve ser uma meta do jornalista que queira ser percebido.
 
Suporte bibliográfico
GRADIM, Anabela: Manual de Jornalismo, UBI, 2000.
www.wikipedia.org,  01.11.2012
 

quinta-feira, novembro 01, 2012

COMPANIA OU COMPANHIA?

 “Este é o seu programa ‘fala barato’, da sua rádio/tv de sempre… Não saia daí, mantenha-se em nossa compania…”

 Frases como essas são frequentes nos órgãos audiovisuais angolanos.
Qual é a palavra certa: companhia ou compania?

COMPANHIA designa: Um grupo de militares formado por noventa homens; uma empresa (sociedade anónima, SA); acção de acompanhar ou de estar com...

O objecto que tocamos, quando chegamos a casa de alguém, chama-se campainha (sino).

COMPANIA = não existe em português correcto.

quinta-feira, outubro 18, 2012

QUANDO USAR EU e MIM?

Eu e tu: exercem a função sintáctica de sujeito.
Mim e ti: exercem a função sintáctica de complemento verbal ou nominal, agente da passiva ou adjunto adverbial e sempre são precedidos de preposição.
Exemplos:
Os meus pais compraram aquela casa para mim.
A minha mãe ligou para eu falar com o Man-David, mas não houve tempo.
No caso "Sabes que não será fácil para mim comprar o telefone".
O pronome "mim" não é sujeito do verbo conseguir, como parece à primeira.
O sujeito do verbo "ser" (será) é a oração conseguir o carro, pois se questionarmos ao ao predicado (forma verbal) "o que não será fácil"?, teremos como resposta: "comprar o telefone".

Há , no caso, uma oração subordinada substantiva reduzida de infinitivo, que é a oração que funciona como sujeito, tendo o verbo no infinitivo. O verbo ser é verbo de ligação, portanto a palavra "fácil" é nome predicativo do sujeito.
O também adjectivo "fácil" exige um complemento, pois se perguntarmos: "comprar o telefone não será fácil para quem"?, teremos como resposta: "para mim", que funciona como complemento nominal.
A ordem directa desta oração é esta: Comprar o telefome não será fácil para mim.

segunda-feira, outubro 01, 2012

Desfolhar ou Folhear?

Folhear é um verbo transitivo directo (pede complemento directo) que sifnifica: Volver ou percorrer as folhas de um livro; ler superficialmente trechos de um livro, passando-lhe as páginas apressadamente; cortar ou dividir em folhas; cobrir de folhas (lâminas).
- Comprei um bolo folheado.
- Ainda não li o livro que me ofereceste. Apenas folheei-o.
Desfolhar é outro verbo transitivo (sempre se desfolha alguma coisa) por isso é um verbo que pede complemente directo (o objecto que se desfolha).
Desfolhar é: tirar as folhas de...

quinta-feira, setembro 27, 2012

“Só a solicitar” ou “sou a solicitar”?


 - Só é sinónimo de apenas, unicamente.
- Sou é a forma conjugada do verbo ser, no presente do indicativo.

O correcto é escrever “Sou a solicitar” em vez de “só” que é sinónimo de “apenas”.

segunda-feira, setembro 03, 2012

O PAPEL DOS JORNALISTAS NA CAMPANHA ELEITORAL

Um rescaldo do que foi 2012

"Os partidos políticos têm direito a um tratamento imparcial da imprensa pública", Constituição da República de Angola, artigo 17.

Escrevi a 31 de Julho, data do início da Campanha eleitoral em Angola, uma peça intitulada “O papel dos jornalistas na campanha eleitoral” que foi sabiamente recuperada pelo jornal “Nova Gazzeta”. Na mesma, fazia uma antevisão do que me estava a parecer a partida antecipada de alguns concorrentes, e o campo inclinado em que se estava a desenvolver o jogo no que diz respeito à media pública.
 
Decorridos os 30 dias de campanha eleitoral, com euforia entre políticos e jornalistas. A media pública e a privada detida por grupos ligados ao poder não souberam posicionar-se ante o seu papel de guardiães da democracia e de informadores isentos e apartidários, inclinando o campo a favor e desfavor de Candidatos.
 
São elucidativos os reparos dos observadores da SADC e da União Africana (liderada por Pedro Pires, ex- Presidente de Cabo Verde) que afirmaram "ter havido parcialidade da media pública durante a campanha eleitoral".
 
São por demais conhecidos os títulos do Jornal de Angola sobre o apelidado “Candidato do povo”, os artigos que destratavam a oposição, sobretudo a UNITA; o tratamento cirúrgico que as Televisões foram fazendo aos discursos dos líderes da oposição, difundindo apenas aquilo que nada tinha a ver com o apelo ao voto ou que beneficiasse o partido concorrente; os tempos ilimitados dados à campanha do partido governante; a exibição de programas informativos que se assemelhavam ao tempo de antena do partido no poder, dando a sensação de que havia nas televisões 5 minutos de tempo de antena para 8 candidatos e toda a grelha para um; etc.
As rádios não fugiram à regra, tomando partido deste ou daquele. A Rádio Despertar que devia cumprir o postulado da lei embarcou na onda do grupo RNA e foram pouquíssimos os momentos em que esta ou aquela emissora não beneficiou um candidato, sendo o do partido governante o mais beneficiado, dada a rede de emissores da Rádio Pública.




A Ministra da Comunicação, Carolina Cerqueira, disse dia 01. 09 à TPA que
a media cumpriu.
Nem mesmo as revistas de especialidade, desportiva e ou cultural, souberam posicionar-se de forma isenta, pois algumas sabendo que sairiam ao público no mês da campanha eleitoral ressaltaram feitos de determinado(s) concorrente(s), o que atenta com o artigo 74 da LOEG.   
Vejamos que diz a Constituição e a LOEG, elementos que me servem de argumentos:
1-      A Constituição de Angola, no seu artigo 17, ponto 4 reza: “os partidos políticos têm direito a igualdade de tratamento por parte das entidades que exercem o poder público, direito a um tratamento imparcial da imprensa pública e direito de oposição democrática, nos termos da Constituição e da lei”.
2-      A LOEG (Lei orgânica sobre as eleições gerais) diz no seu artigo 64 que “As entidades públicas e as pessoas colectivas privadas devem prestar aos candidatos igual tratamento, por forma a que estes efectuem livremente e nas melhores condições a sua campanha eleitoral”.
3-      Ainda a LOEG no  seu artigo 65 reza: pontos 2- “Os órgãos da comunicação social públicos e privados  e seus agentes devem agir com rigor, profissionalismo e isenção em relação aos actos das campanhas eleitorais”. Ponto 3- “Durante o período da campanha eleitoral, os órgãos de comunicação social e seus agentes são responsabilizados pelo incumprimento do disposto no número anterior, bem como das demais questões a si relacionadas contidas na presente lei e outra legislação sobre o exercício da actividade jornalística vigente.
4-      No artigo 73 a LOEG diz no seu ponto 8 que “É proibida às rádios, às televisões e à imprensa escrita, a difusão de matérias com carácter propagandístico e eleitoral de qualquer partido político, coligação de partidos políticos ou candidato concorrente, fora do previsto no nº 1 do presente artigo” (tempo de antena). O ponto 9 do artigo que venho citando diz” É igualmente proibido a qualquer órgão de comunicação social posicionar-se a favor de qualquer partido, coligação de partidos ou candidatos concorrentes, nas matérias que publicar.
5-      No artigo 74 da LOEG pode-se ler que “As publicações periódicas, informativas, públicas e privadas devem assegurar igualdade de tratamento aos diversos concorrentes”.
PARA 2017 DESEJO QUE:
 
 
Quanto aos medias e jornalistas apelo que exerçam o seu ofício na base da proporcionalidade no tratamento dos candidatos e racionalidade na avaliação do que deve ser levado ao Grande Público e o que deve ficar apenas para aqueles que presenciaram um acto político.
 
É que por mais que os políticos descarrilem nas suas incontinências verbais, se os Jornalístas forem sábios (não no sentido da "cirurgia" da censura), sabendo valorizar o bom que os políticos disserem nas suas promessas e ignorarem, nas suas transmissões, as mensagens que podem ser atentatórias à harmonia e paz social, teremos, sem dúvidas, em 2017, uma das melhores campanhas políticas e um sentimento geral de que ELEIÇÕES SÃO FESTA E NÃO CONFUSÃO.

sábado, setembro 01, 2012

EM QUE SITUAÇÃO UTILIZAR ADERÊNCIA E ADESÃO?

Oiço, até jornalistas, a usarem de forma indistinta e confusa os termos aderência e adesão, como se fossem sinónimos perfeitos para todas as situações comunicacionais.
O Prontuário da Língua Portuguesa, Porto Editora, é claro em definir as situações em que cada umas das expressões deve ser usada.
Olhemos antes para as definições:• Aderência = É uma característica física dos objectos, que permite aderirem, colarem-se entre si. Ex. - Estes pneus têm muita aderência à estrada.
• Adesão = indica o resultado da vontade das pessoas de se associarem ou ligarem a ideias, causas, doutrinas, instituições, partidos, eventos, etc.
- Ex. Houve uma grande adesão ao novo partido.
Então, houve pouca aderência do público ao jogo ou pouca adesão?
-
Houve pouca adesão. Porque o contrário significaria que o público se tinha "colado" pouco ao jogo...

A expressão correcta, neste caso é: Houve pouca adesão ao jogo.

Rubrica ou “Rúbrica”?

Rubrica ou “Rúbrica”?

O verbo é: rubricar
Vamos ao conceito da palavra: Rubrica é um substantivo feminino que quer dizer assinatura abreviada. A palavra pode também designar um artigo de orçamento (enquadrar uma despesa em determinada rubrica). Em termos de comunicação, designa ainda um subtema de programa (Rádio ou TV) ou tema curto (permanente) num media imprenso.
As letras vermelhas, colocada no texto do breviário ou do missal, para orientar a maneira de dizer ou celebrar o ofício também se chama rubrica.
Portanto, quer se trate de um nome (substantivo comum), quer se trate da forma conjugada do verbo rubricar, a palavra correcta é rubrica, sem qualquer acentuação.
Trata-se de uma palavra grave e por isso devemos pronunciar “rubrica” e não “rúbrica” (que não existe).

domingo, agosto 19, 2012

CARTAR OU ACARRETAR ÁGUA?

“Possas! Hoje fui ao chafariz e, mal cheguei, a água foi. Nem consegui só cartar água”.

sexta-feira, agosto 10, 2012

Que diferença há entre: MAIS, MAS e MÁS?

Há muito interajo com pessoas no hi 5, face book e outros locais sociais e noto que a juventude (rapazes e raparigas) estão ávidos de informação e trocam muita informação escrita.
O que me tem vindo a preocupar, sobretudo, enquanto docente de língua portuguesa, é a forma incorrecta como se usa o instrumento de comunicação (a língua).

Há um desconhecimento muito grande dass normas básicas que, às vezes, ponho em dúvida os meus próprios conhecimentos. "Será que eu é que estou errado"?
Usando a linguagem "terra-a-terra", aqui ficam  umas "dicas" para as minhas amigas que têm dificuldades e usam as 3 palavras supracitadas de forma incorrecta.
- MAIS: é advérbio de quantidade, contrário de menos. É também particula aditiva (soma). Serve para indicar a quantidade e/ou acrescentar algo.
Exemplo: há MAIS água no tanque do que havia ontem.

- MAS: é particula/conjunção adversativa. Serve para indicar uma relação de oposição ou de contraste "contrariar".
Exemplo: A avestruz tem asas MAS não voa.

- MÁS: É adjectivo qualificativo. Serve para qualificar o estado de uma coisa ou pessoa.
Exemplo: A Joana e a Maria batem nos filhos. Elas são MÁS mães.

Quem tiver outras dúvidas ou quiser debater pode procurar-me no fb ou escrever para Lcanhanga@hotmail.com
Será bem vindo.

domingo, julho 01, 2012

O peso da notícia e do anúncio num jornal impresso

Já lá se foram os tempos em que a notícia era o elemento/conteúdo principal de um jornal e a publicidade o elemento acessório.

Quando, num curso de jornalismo, na Universidade Católica de Lisboa, uma palestrante me falou sobre o que é hoje a tendência mundial, em que o peso da publicidade se sobrepõe ao das notícias num titulo, ainda fiquei a pensar que fosse mentira ou que aquela fosse apenas uma tendência do mercado mediático europeu. Ledo engano!

Assim pensei porque não era ainda a nossa realidade há sete anos. A necessidade dos jornais, até os públicos, se autossustentarem financeiramente leva-os  a optarem, cada vez mais, pelo angariamento de publicidade, mesmo não aumentando as páginas da publicação, ficando com, cada vez, menos espaço para as notícias.
Pior ainda num país como o nosso onde os níveis de literacia e hábitos de leitura cotam-se aos dedos de uma mão. Nenhum jornal vende toda a sua tiragem e os armazéns abarrotam-se de sobras. A solução é mesmo apostar na publicidade, pois é esta que paga os encargos salariais, os custos dos equipamentos, com a gráfica, etc. Daí que ao invés de a atenção estar virada no aumento da quantidade de informação noticiosa, os jornais viram-se cada vez mais aos anúncios publicitários e publi-reportagens, por serem geradores imediatos de recursos financeios.
Hoje, a notícia num jornal é definida como “conjunto de textos que preenchem espaços sem publicidade” quando em tempos era exactamente o contrário. As pessoas compravam jornais para ler notícias e não para ver anúncios.
E, com o surgimento de jornais gratuitos, que por sua vez acolhem publicidade a baixo custo, não espanta que venhamos a ter, um dia, publicações periódicas contendo apenas anúncios publicitários e de utilidade pública.

Há ainda a ter em conta o facto de os jornais, mesmo os diários e vespertinos, raras vezes trazerem notícias frescas por serem sempre ultrapassados pelas redes sociais, agências, rádio e televisão, onde embora o poder de retenção seja efémero, a informação chega mais cedo ao destinatário do que num jornal convencional.
Os jornais, devido à sua característica documental, são, entretanto, excelentes veículos para grandes reportagens, que deve ser o seu forte, e anúncios de toda a índole.

sexta-feira, junho 01, 2012

"LÍNGUA NGOYA": CARTA FORA DO BARALHO?

Um mapeamento de línguas do K-Sul acontece nestes dias na próvincia. Especialistas trabalham hoje no Libolo, depois de terem estado na Gabela.

Soube de fonte fidedigna que uma especialista americana acompanha especialistas do Instituto Nacional de línguas que  delimitam as variantes faladas no Kwanza Sul para determinar o seu "parentesco".

Sabe-se que, sendo o Kwanza-Sul uma zona de transição etno-lnguística, existem várias variantes (também conhecidos como dialectos), sendo umas  da familia ambundu e outras ovimbundu.

- Quem, a final de contas, no Kwanza-Sul, fala Kimbundu e quem fala Umbundu (tendo em conta a proximidade linguística)?

Segundo a fonte (bem identificada) daqui a mais dias ou meses teremos a questão dos parentescos clarificada.

Fora de questão fica também, em definitivo, a falsa questão da língua ngoya que nunca existiu no Kwanza-Sul.

Obs: Sobre a suposta "língua Ngoya" já muito reflecti neste blog.


terça-feira, maio 22, 2012

Anotações ao Jornalismo angolano

O que há e o que falta no interior

Nota Prévia:
Metajornalismo: é a tendência do jornalismo que visa analisar o desempenho, de forma crítica, da media, apontando o que, no interesse do público, seria de destacar/realçar como também as proprias valências /carências dos jornalistas.

Portanto, estes "apanhados" não visam apontar o dedo a este ou àquele jornalista, a este ou àquele media concreto. É somente a ideia geral do que se passa no interior de Angola, alí onde há vontade, cumpre-se com o mínimo, mas faltam ferramentas técnicas que propiciariam um desempenho ainda melhor. Pretende o autor desta prosa, com essa sua visão crítica, despertar os jornalistas e responsáveis dos Órgãos de Comunicação Social para a necessidade de uma formação e auto-superação constantes.

                1- Ausência de Profundidade e ousadia no trabalho jornalístico

É uma das pragas que assolam pela negativa o nosso jornalismo. Embora se defina o jornalismo como “Literatura com pressa”, esta actividade não deve ser exercida de forma tão apressada ao ponto de matar os acontecimentos.

Depois de um facto, os destinatários da informação querem sempre saber o que vem depois. É como num jogo; onde depois da finta o espectador quer saber qual será o passo seguinte. Os jornalistas têm ignorado este aspecto, não nos dando o antes e o depois.

Segundo a teoria social, é a enumeração de factos que faz os fenómenos. No jornalismo, é o seguimento detalhado de um assunto que faz Um Caso ou uma grande reportagem. Daí que uma boa reportagem deve ter sequência e profundidade.

O imediatismo ou o laxismo mutila o exercício do jornalismo sério, responsável e comprometido com a sociedade que reclama, cada vez mais, por um jornalismo virado ao cidadão. Por outro lado, é preciso que o jornalista tenha a ousadia de ir buscar outros elementos para além do óbvio. A isso se chama jornalismo de profundidade ou de investigação. É preciso seguir todos os desenvolvimentos e conexões possíveis de um caso e chegar ao fim da estória.

                    2- Uso/domínio da língua de trabalho (portuguesa)
Alguns jornalistas denotam conhecimentos bastante precários da língua com que trabalham. Muitos não dominam as mais elementares regras gramaticais como a concordância e a regência verbal. Desconhecem as formas de tratamento e de reverência, confundindo ou misturando os pronomes tu e você (2ª e 3ª pessoas) ou ainda confundindo excelentíssima com o reverendíssima. Outros, mesmo trabalhando em rádio, que requer elevada capacidade de improvisação, nem possuem no seu léxico habitual um universo de mil palavras. Isso faz deles redundates por demasia, sem uma pauta mental de sinónimos nem antónimos.
3- Domínio das técnicas de redacção Jornalística

Salvo contáveis excepções, o texto não passa de um punhado de adjectivos e adjectivos. São frases desencontradas, incoerentes, redundantes, confusas/sentido. Apenas agradáveis ao ouvido (na forma de discurso oral) mas sem conteúdo que se retenha. É como “comprar sem nada levar para casa”.

4- Recolha de informação e cruzamento de fontes

Uma boa notícia não reside na maneira como o facto é protagonizado ou na natureza dos seus protagonistas. A "boa notícia" reside na boa recolha, cruzamento e tratamento da informação. Os jornalistas limitam-se a anunciar o óbvio. Limitam-se a ligar o microfone e reproduzir “ipis verbis” o discurso da fonte primária, esquecendo-se que o assunto pode ser vivificado com outros elementos. Numa reportagem, por exemplo, sobre a inauguração de uma escola, o jornalista esquece-se de fazer o antes da escola, a inauguração e a pós-inauguração. Esquece-se de ler e interpretar o mundo que circunda o acontecimento, o que acaba por limitar a informação veiculada. Numa reclamação de trabalhadores sobre salários, os jornalistas limitam-se a ouvir os queixosos, não dando voz ao empregador visado nem as entidades reguladora e sindical. Outros limitam-se por exemplo a recolher os custos da escola e nunca os beneficios/beneficiários... 
5- Exercício da profissão e necessidade de formação

Os níveis de conhecimento, quer técnico quer geral são deficientes. Não há escolas especializadas no interior , nem frequência constante de cursos de superação. Não existem “cafés de ideias” nem outros instrumentos informais que permitam a troca e/ou passagem de experiências entre os jornalistas. As valências internas (os santos de casa) nunca são exploradas.
Os jornalistas de referências da praça são “tarimbeiros” que aprenderam a exercitar o ofício (na oficina) vendo os seus mestres a fazer. Poucos possuem fundamentos teóricos e pouquíssimos ainda exercitam “estudos de casos”, como acontece nas universidades e escolas especializadas. Embora alguns se afirmem como os grandes “papões” muitos estão desprovidos de conhecimentos adequados e sólidos sobre o jornalismo moderno, quando comparados com a "praça luandense". Torna-se necessária uma formação contínua dos escribas para melhorar o desempenho técnico-profissional dos jornalistas.