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terça-feira, dezembro 26, 2017

INFLUÊNCIA DA MEDIA NA FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA COLECTIVA

Foto de Luciano Canhanga.
A convite dos organizadores, no dia 26.12.17, falei sobre "A influência da media na formação de consciência colectiva".
Referi que os media têm de ser responsáveis e se comprometerem com a verdade, equidistância e isenção.
Atestei que os jornalistas devem saber: de quem é o órgão, que objectivos pressegue e qual a linha editorial.
Acrescentei que devem saber ainda identificar e diferenciar medias generalistas, de especialidade e doutrinários. Só assim saberão qual o seu pape...l no media e se estarão a fazer jornalismo ou alguma espécie de propaganda...
Exemplifiquei que aqueles menos formados e menos informados acreditam piamente no que se veicula nos media e no que dizem os jornalistas como se fossem verdades acabadas. Até nossas crianças, em casa, as vezes relutam em corrigir aspectos linguísticos e científicos que lhe tenham captado dos media com o argumento de que "disseram na rádio, li no jornal ou vi na tv".
Recordei as três missões básicas da media: informar (com verdade), formar (com bases científicas) e entreter (com responsabilidade), sendo que maus conteúdos ou conteúdos manipultórios podem influenciar negativamente a sociedade, assim como a "boa árvore produz frutos excelentes".
 
|Orlando e Luciano são líderes carismáticos de duas formações políticas antagónicas de maior expressão. Em véspera de eleições com o tom de voz em alta e com algumas confrontações entre simpatizantes, um deles profere palavras hostis, podendo acender a pólvora e afectar a estabilidade política e social do país. A media emite ou Omite os dislates?|

Foto de Luciano Canhanga.
Como recomendação final, pedi aos jornalistas e candidatos a jornalistas que lessem as dez teorias da manilulação através dos mass media de Avran Chomsky, pois a heterogeneidade da assistência não me recomendava fazer recensões sobre o respeitivo conteúdo. Tb procedi alterações significativas ao que havia preparado para "uma conversa entre jornalistas", porque fui confrontado com mais de quinhentas pessoas na sala, não sendo jornalistas, ou seja, pessoal não especialista.
 
Imagens "roubadas" do mural do Emanuel Bianco

 

sexta-feira, dezembro 15, 2017

ORALIDADE EM KISONGO

A MAYOWA DE CAMBAU
Em Cambau (Kambaw) 53 Km de Calulo (Kalulu), conta-se:
Há muito tempo, quando os homens se sedentarizaram, um régulo havia orientado o máximo empenho no trabalho que consistia na agricultura de sobrevivência, pesca, caça e a recolecção que persistiu até há bem pouco tempo. As doenças que afectaram a região durante alguns anos, sem explicação, produziram muitos portadores de deficiências e "inválidos" para os trabalhos árduos de uma vida rural sem maquinarias.
Inicialmente, a população construiu um centro onde ficavam todos os deficientes que eram alimentados mediante a contribuição alimentar de todas as mulheres e homens activos. Como os males se repetem, uma seca afectou a região que se vê cercada por cordilheira montanhosa em todos os lados. Os homens intensificaram a pesca e os jacarés que habitavam preferencialmente o estuário de Mayowa, ficaram sem o que comer. Começaram a rondar a aldeia e a atacar os meninos incautos e os portadores de deficiências.
Sem caça, sem sorgo e sem peixe os "inválidos" passaram a ser um peso para a comunidade. Mayowa passou a ser solução: cegos, mayowa. Coxos, mayowa. Mudos, mayowa. Tetraplégicos e crianças com dentes sobrepostos, mayowa!
A mayowa passou a ser o local de sacrifício humano de todos os indesejados.
O régulo tirano, só daria conta da sua má opção quando contraiu uma hérnia escrotal, obrigando o povo a cumprir o que ele mesmo ordenara: mayowa para alimentar os jacarés e sobrar peixe para os "válidos!".
Em Cambau, com um ou outro retoque, todos contam a lenda. A única coisa que não conseguem determinar é quando tal prática começou e quando terminou. Há quem arrisque que apenas com a chegada dos missionários metodistas e católicos à região tal pratica se extinguiu. Porém, a mayowa ainda está lá, num riacho que vai ter um dique este ano, obra do fazendeiro Oka, podendo aumentar a quantidade e qualidade de peixe para os aldeões e os jacarés que nunca se distanciaram da região de Cambau.

Publicado no jornal Nova Gazeta de 02 de Novembro/17

sexta-feira, dezembro 01, 2017

QUEM É O "PATRÃO" DOS REFORMADO?

 
Numa relação jurídica de emprego actuam dois sujeitos com obrigações mútuas: um vende o seu capital intelectual aplicado em forma de trabalho e outro paga o que é proporcional à prestação.
Os homens de leis "inventaram" o contrato de trabalho (escrito ou oral e testemunhado) para regular esse casamento, sendo considerado como findo quando as partes decidem partir pela cessação do mesmo por diversas razões. A aposentação é uma das formas que determinam o fim de contrato, passando a obrigação de pagar salários e demais prestações ao órgão da administração pública ou associativo (fundo de pensões privativo) encarregado para realizar o pagamento das prestações sociais com base nesse contrato de financiamento do fundo. Por exemplo, Caixa Social, Fundo de Segurança Social, etc.

É preciso assinalar que todo o saber e toda a energia necessária e possíveis devem ser despendidos pelo colaborador, a favor do empregador, enquanto este estiver no activo. De igual sorte, toda a atenção retributiva e social devem ser prestados ao colaborador enquanto estiver vinculado à organização.

Não vejo, com toda franqueza de minha alma, por que razão algumas organizações empresariais andam com seus aposentados às costas, depois de serem justamente passados à reforma e vivendo eles do fruto de suas poupanças feitas através do fundamento social. Há que se pensar nisso e mudar de mentalidade. É preciso libertar a gestão de RH de responsabilidades passadas à outras instituições. A sociedade, as instituições públicas e privadas, devem ser geridas como empresas. É preciso simplificar. Passar tarefas específicas a outrem e focar-se no cor business. Para um gestor moderno de RH, o seu foco, sem desprimor por aqueles que fundaram e fizeram crescer a organização, são as pessoas no activo. Deve ser a preocupação em atender os desafios presentes e futuros da organização e estar alinhado com a estratégia de médio e longo prazos.

Uma relação jurídica de trabalho legalmente extinta não gera dívidas nem ressentimentos. Pode haver ofertas e reconhecimentos mas não obrigações como se fosse em um casamento indissoluto.

As empresas e organizações que empreguem colaboradores devem, nos termos da lei fazer depósito descontos para o financiamento da segurança social obrigatória. Mais do que isso, devem fazer chegar os descontos ao Fundo para que uma vez chegada a reforma, o pensionista tenha direito ao que lhe é devido.
Tarde ou cedo, há-de chegar, para cada um de nós, o seu tempo de reformado, mas devemos nos conformar que é assim a vida. O "patrão" do reformado é o Instituto de Segurança Social ou Fundo de Pensões para o qual tenham contribuído enquanto no activo.
Pense nisso!

Texto publicado pelo jornal Nova Gazeta a 07/09/17
Luciano Canhanga
Gestor de RH