Número total de visualizações de páginas

domingo, dezembro 20, 2015

UMA PARAGEM NA PEDRA ESCRITA DO LIBOLO

Reza a história (recurso à combinação entre oralidade e vestígios de escrita) que um mestiço cabo-verdiano entendeu construir uma pousada na rota entre Dondo e Kibala, estrada nacional 120. E fê-lo exactamente a quatro quilómetros do rio Longa que separa os municípios do Libolo e Kibala. O ano da construção está perdido na memória, mas ainda por aí estão os que participaram da construção do imóvel, cuja parte frontal foi poupada pela guerra. Dizem ter sido nos anos sessenta do século XX.

Olímpio de seu nome, assim também se chama(va) o seu herdeiro que dirigiu a pousada nos anos oitenta e noventa do século passado, entendeu publicitar o seu investimento e escolheu a maior pedra daquele troço.

A dez quilómetros de Lususu, onde ergueu a pousada, encontrou uma grande pedra, do lado esquerdo de quem trafega no sentido Dondo-Kibala. Com audácia e engenho, os homens pegaram em tinta e pincéis e gravaram a meio do pedregulho que deve medir uns trinta ou mais metros de altura:
“Lussusso
Estalagem Boa Viagem”

De lá para cá, quer a pedra quer a aldeia que emergiu nas redondezas do já quase monumento, nos anos oitenta, são tratados por “Pedra Escrita”.

A estalagem de que só resta a parte do restaurante, pois os aposentos traseiros não foram poupados pela acção devastadora do tempo e sabotagem casada com a guerra civil, é conhecida por “Bar do Olímpio”.
O bar do Olímpio é o único ainda intacto e em funcionamento em Lussusso, dos três que existiam nos anos 80 do século XX, nomeadamente: Bar do Falção e Bar do Miguel Neto.