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domingo, dezembro 27, 2009

MARKETING AMBULANTE

_“Com licença família, bom dia! A empresa vai fazer uma pequena revisão”.
Os passageiros pensam num fiscal da transportadora ou da autoridade de transportes de Luanda. Mas o intruso prossegue o discurso:
_"Está aqui o menthol para combater a gripe, ciúme, irritação na garganta, cansaço e até engarrafamento (estress)”.

Só assim os passageiros do autocarro privado que faz a rota 1º de Maio/Rocha Pinto se apercebem tratar-se de um ambulante, bem-falante e marketizando o seu pequeno negócio que na "brincadeira" ganha cada vez mais adesão. O pregão do ambulante, que aproveita o congestionamento do transito automóvel nas imediações do hipermercado Jumbo, na Avenida Deolinda Rodrigues, ganha consistência e aos poucos “despacha” o negócio.

Este grande “marketeiro” que nem sequer a 4ª classe possui, terá, na calada duma noite qualquer ou se calhar numa tarde de panelas vazias, estudado a melhor forma de angariar prosélitos para os seus reboçados . E é nos autocarros e taxis carregados de mulheres, no engarrafamento matinal ou vespertino, que encontra o seu nicho de vendas.

_ Vendedor como ele poucos haverá, desabafam satisfeitas as clientes, à saída do “comerciante”, levando consigo os últimos trocos: dez, cinquenta, cem ou duzentos kuanzas.

O clima parece agora estar mais ameno e com um novo motivo para comentários. Lá se foi o estress, pelo menos por alguns intantes.

Luciano Canhanga

quarta-feira, dezembro 02, 2009

O VALOR DA DESCRIÇÃO, DA PRECISÃO E DA IMAGEM NA COMUNICAÇÃO

A trilogia representa o que é hoje a media, ou seja, a imprensa descritiva, a rádio exacta no uso da palavra certa e o peso da imagem televisiva.

Dizia, e com razão, um meu antigo editor que "os jornais descobrem os assuntos", pois, tradicionalmente, é para lá que iam/vão as cartas e os telefonemas sobre novos assuntos. Hoje o cenário pode ter mudado, mas os jornais ainda continuam a ser aqueles que com maior profundidade descrevem os factos. Até porque têm de dizer por palavras escritas até aquilo que apenas se sente. Dizer, por exemplo, que fazia frio, que as pessoas estavam exaltadas, que fazia poeira, que o ruído era ensurdecedor, ou que os actores mostravam inabilidade, etc.

As rádios, embora se tenham colado às funções tradicionais da imprensa, têm igualmente os seus campos próprios. Isso faz e fez com que o surgimento das rádios não acabasse com os jornais e a televisão não se arruinasse com a aparição das rádios, nem a multimedia conseguisse acabar com os primeiros. E dizia o meu editor, Zé Rodrigues, que se os jornais descobrem para depois descreverem, "a rádio aprofunda". Ela, a rádio, dá outras vozes aos assuntos. Explora outras dimensões do problema. Traz à ribalta novos actores. Complementa o jornal, usando palavras precisas e de significação inconfusa. Ela diz o máximo num mínimo de palavras e de tempo auxiliada pelo som. Mas não é tudo. Falta mostrar.

É aqui que surge a tv. Ela não precisa extender-se no texto, nem na palavra, ou no pormenor. O assunto já foi lido e ouvido. A curiosidade humana está agora aguçada para a visão. Falta mostrar e a tv cumpre o seu papel mostrando. Aqui se materializa também o velho, mas sempre sábio, ditado chinês: Uma boa imagem vale mais do que mil palavras.
As palavras escritas são para a imprensa, a voz para a rádio e a imagem para a Tv.

NB: Um texto conciso é aquele que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. A clareza deve ser a qualidade básica de todo o texto. Para que ela exista concorrem: a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto; o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão; a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível uniformidade dos textos e a concisão que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos que nada lhe acrescentam.

Luciano Canhanga