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domingo, novembro 02, 2008

POR QUE OS GESTORES DETESTAM A PRESENÇA DA MEDIA?


PONTO PRÉVIO
Os repórteres entrevistam as suas fontes para obter destas declarações que validem as informações apuradas ou que relatem situações vividas por personagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repórter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Munido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevistado a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou manipula dados nas suas respostas, facto que costuma acontecer principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública sobre um problema que está a afectar o fornecimento de serviços à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a resposta para o que considera positivo na instituição. É importante que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou perdendo a objectividade.


Gestores que nunca temeram e jamais temerão a concorrência, nem mesmo a queda da cotação da empresa em tempo de cises financeiras mundiais ou catástrofes naturais, nutrem um temor visceral à media. Por que será?

Uma pergunta actual e sempre presente nas organizações jornalísticas é: POR QUE DETESTAM OS GESTORES EMPRESARIAIS A PRESENÇA DA MEDIA?



O certo é que não há e nunca haverá hostilidade premeditada entre jornalistas e os gestores empresariais. Os repórteres apenas precisam saciar a sede informativa de seus públicos, daí que não perguntam para alimentar o seu próprio ego, mas para esclarecer as questões do grande público.



Por outro lado, muitas vezes nos perguntamos, porque é que os repórteres não perguntam sobre as coisas boas?

A resposta é que o normal não faz notícia. São os escândalos, as anormalidades, os excessos (por baixo ou por cima), o desconhecido, etc. que fazem notícias.



Em “Os jornalistas e as crises”, Luigi Norsa, afirma que “os jornalistas adoram as crises, enquanto os dirigentes das empresas as detestam”.

“Numa crise (...) só procuram uma boa notícia (“os jornalistas adoram as crises, enquanto os dirigentes das empresas as detestam”), querem saber o que é que sucedeu, de quem é a culpa, quem deve ser considerado responsável pelo sucedido e, por fim, o que é que se está a fazer para evitar a sua repetição. Faz parte do jogo e é necessário aceitá-lo. Só assim se pode trabalhar com a comunicação social, evitando que os seus interesses acabem por prejudicar os nossos. É inútil entrincheirar-se ou procurar ser evasivo.



Seria ideal que as empresas não se fechassem à media, nem se tornassem em únicas fontes de alimentação noticiosa, o que levaria a empresa à banalização junto dos públicos. É igualmente importante que o executivo empresarial não tenha nada a esconder, ou seja, “a melhor forma de esconder é abrir uma brecha no escuro, fazendo com que seja visto apenas o desejável.



Para o autor que vimos citando, é importante que se trate a comunicação como um intermediário, não como um inimigo. “Os jornalistas têm o seu trabalho. A empresa só tem duas escolhas: entrincheirar-se no silêncio e deixar que outras fontes sejam contactadas (terceiras partes hostis, pessoas com contas a ajustar, peritos ou políticos que pretendem aproveitar a ocasião para demonstrar que as suas teorias são certas, pessoas que podem ter qualquer interesse em meter os outros em sarilhos) ou colaborar aberta e correctamente. A comunicação social pode servir de instrumento para chegar rapidamente a um vasto público, ou pode tornar-se parte do problema, uma fonte de injustiças, de aproximação, de informações deturpadas. Aceite as suas exigências, mostre-se aberto e cooperante e pode esperar uma retribuição mediante um tratamento objectivo e sem demasiados preconceitos”.





Só há temor da media quando não se sabe o que se vai dizer, ou quando não se tem o domínio da casa em que se “vive”. O secretismo só prejudica, pois por mais auto-suficiente que seja uma organização haverá sempre momentos em que precisará de recorrer à media, ou para informar, ou para esclarecer.



Luigi Norsa acrescenta ainda que “é preciso estabelecer uma relação serena com os representantes do mundo da informação, aceitando o seu papel e procurando ser uma fonte credível e respeitada. É necessário dizer só a verdade, ainda que não toda, e ajudar os jornalistas a executar o próprio dever, pretendendo, contudo, o respeito pelos próprios direitos, sem esperar deles competências técnicas que não têm e não devem ter. E é sempre importante recordar que ser compreendido é um problema de quem comunica, não de quem escuta”.



Para evitar as perguntas cavilosas dos repórteres, bastará ao gestor empresarial assumir uma postura sóbria nas respostas, mesmo às perguntas que denotem alguma provocação. É imperioso conhecer o assunto e quando não se tiver o conhecimento da questão colocada, uma vez que muitas questões não passam de simples arquitecturas do repórter, a solução é sorrir e, honestamente, dizer que não tem o domínio completo do dossier, mas que se vai informar ou indicar alguém que lhe responda a questão.



Tal como os repórteres são livres de perguntar, de igual forma são livres em não responder os entrevistados, bastando apenas cortesia para se demarcar e desviar de perguntas incómodas.



Para Christiane Mirabaud uma das forma de contornar a verdade é: “A notícia deve ser divulgada à comunicação social possivelmente no final da noite, de Sexta para Sábado, de modo a dar o menos tempo possível para elaborar o notícia, fazendo-a, por conseguinte, chegar quando também os espaços de redacção já foram atribuídos. Relativamente aos conteúdos, a notícia deve ser o mais fria possível, procurando retirar-lhe qualquer appeal jornalístico possível”.



Tendo em conta que os gestores de empresas estão mais virados à gestão e não à comunicação, a eliminação de falhas comunicacionais (quer internamente) quer com os públicos externos (incluindo a media) é feita através da contratação de jornalistas e ou técnicos de Relações Públicas cuja missão é: velar pela efectivação da Comunicação Institucional e Elevação das relações com os públicos.







Luciano Canhanga